Sem provas, Deltan e procuradores da Lava Jato indiciaram filha de José Dirceu: “Paus nela”

Atualizado em 16 de janeiro de 2024 às 18:55
Deltan Dallagnol. Foto: Brenno Carvalho

Uma conversa no grupo “Filhos de Januário” no Telegram, obtida pela Operação Spoofing e divulgada pela Revista Fórum nesta terça-feira (16), mostra que Deltan Dallagnol e procuradores da Lava Jato solicitaram o indiciamento de Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha do ex-ministro José Dirceu, por lavagem de dinheiro, sem apresentar provas.

A conversa ocorreu entre os dias 30 e 31 de agosto de 2015. Durante a troca de mensagens, os procuradores deixaram claro que o indiciamento de Camila seria uma forma de fazer “uma pressão danada” sobre o ex-ministro, que havia sido preso preventivamente na 17ª fase da operação.

No dia seguinte à discussão, em 1º de setembro, Camila foi indiciada, acusada de lavar dinheiro proveniente de uma suposta propina paga ao seu pai pelo empresário Milton Pascowitch, dono da Jamp, para a compra de um apartamento no valor de R$ 250 mil em São Paulo.

O diálogo revela que o indiciamento foi realizado sem evidências substanciais contra Camila. A Lava Jato também indiciou a arquiteta Daniela Facchini, que realizou as obras no apartamento.

O indiciamento da filha de José Dirceu foi sugerido pelo procurador Roberson Pozzebon, um dos mais próximos de Dallagnol. “O que acham de denunciarmos a filha do JD por lavagem?”, disse ele às 23h29 do dia 30 de agosto. “Acabei de achar comprovante cabal que ela recebeu por fora do MILTON 250 paus”.

Ex-ministro José Dirceu. Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Orlando Martello, procurador que também atuou na Lava Jato, revela o plano sobre o indiciamento de Camila. “E foi em benefício dela. Ouvi-la na condição de investigada fará uma pressão danada”, afirmou.

“O homem [José Dirceu] vai ficar puto”, disse Pozzebon. Deltan Dallagnol, então, entra na conversa e dispara: “Paus nela”, dando ordem para se fazer o indiciamento.

Leia o diálogo entre os procuradores da Lava Jato na íntegra

30 Aug 15

23:29:52 Roberson MPF: O que acham de denunciarmos a filha do JD por lavagem?

23:30:12 Roberson MPF: Acabei de achar comprovante cabal que ela recebeu por fora do MILTON 250 paus

23:30:16 Diogo: Que grosso ??

23:30:16 Orlando SP: Dá para arquivar… Tô brincando Diogo

23:30:36 Orlando SP: ??????????

23:30:40 Orlando SP: ??????

23:31:00 Orlando SP: Magoei o didi

23:31:12 Orlando SP: ??

23:31:20 Orlando SP: Boa noite!!!

23:31:24 Roberson MPF: Ceis tao tudo de tpm.

23:31:48 Roberson MPF: A camila fez escritura de compra e venda por R$ 500 mil, mas recebeu R$ 750

23:32:16 Roberson MPF: MIlton e Luiz Eduardo tb ocultaram nos depos os R$ 250 de brinde

23:32:44 Orlando SP: E foi em benefício dela.ouvi-la na condição de investigada fará uma pressão danada

23:32:52 Roberson MPF: Detalhe que o imovel que o MIlton comprou dela não valia R$ 500 e tinha clausula de inalienabilidade

23:33:16 Orlando SP: Ela foi a beneficiada da lavagem

23:33:36 Roberson MPF: Sim, mas com plena consciência.

23:34:00 Roberson MPF: O homem vai ficar puto!

23:34:12 Deltan: Paus nela

23:34:24 Roberson MPF: É casada

23:34:28 Roberson MPF: rsrsrs

23:34:40 Roberson MPF: Mas a o CF diz que não importa

23:35:32 Deltan: Ela ajudou a esconder dinheiro de crime

23:35:36 Deltan: Resta discutir se sabia que vinha de criem

23:37:48 Roberson MPF: Essa prova do conhecimento específico já será mais complicada. Mas brinde ela sabia que não era. Sabia que o pai era mensaleiro.

31 Aug 15

05:54:39 Deltan: Não precisa específico. Genérico ta bom. Embora esse seu argumento corte pros dois lados, acho que dá também

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