Sem Rubio, EUA e Brasil iniciam negociações sobre tarifaço na Malásia

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 0:47
Delegações de Brasil e EUA iniciam negociações na Malásia. Foto: Reprodução

Delegações do Brasil e dos Estados Unidos se reuniram nesta segunda-feira (27) em Kuala Lumpur, na Malásia, para iniciar as negociações sobre as medidas tarifárias impostas por Washington. O encontro ocorre um dia após a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, realizada no domingo (26), à margem da 47ª Cúpula da Asean.

Segundo o Itamaraty, a delegação brasileira foi chefiada pelo chanceler Mauro Vieira, acompanhado de Audo Faleiro, assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial da Presidência e Márcio Elias Rosa, Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Do lado norte-americano, o grupo foi liderado por Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, e contou com a presença do secretário do Tesouro, Scott Bessent. A ausência de Marco Rubio, secretário de Estado do governo Trump, entretanto, chamou a atenção.

Visto como o integrante mais ideológico da gestão republicana, Rubio tinha sua presença nas negociações constantemente apontada como um fator que poderia dificultar possíveis acordos com o Brasil. Sua falta representa mais um revés para a narrativa divulgada por Eduardo Bolsonaro e pelo lobista Paulo Figueiredo.

O ministério informou nas redes sociais que o encontro marcou o início de um “diálogo construtivo” sobre as tarifas aplicadas aos produtos brasileiros, especialmente nas áreas agrícola e industrial. O objetivo, segundo diplomatas, é buscar a redução do tarifaço de 40% imposto aos bens exportados pelo Brasil.

A reunião entre Lula e Trump, no domingo (26), durou cerca de 50 minutos e foi considerada positiva por ambas as partes. Fontes da chancelaria afirmam que os presidentes trataram de comércio, meio ambiente e cooperação em infraestrutura, além de trocar impressões sobre a situação da América Latina.

Durante o encontro, Lula teria reiterado que o Brasil está disposto a atuar como mediador em crises regionais, como a da Venezuela. Trump, por sua vez, teria sinalizado disposição para revisar parte das medidas tarifárias, caso as negociações avancem.

As tratativas serão retomadas nos próximos dias, ainda na Malásia, com reuniões técnicas entre representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.