Senado: Alcolumbre articula rebelião contra Messias para emplacar Pacheco no STF

Atualizado em 21 de outubro de 2025 às 19:03
O presidente Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Foto: Divulgação

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, intensificou nas últimas semanas as articulações para tentar emplacar o senador Rodrigo Pacheco como sucessor de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal.

Segundo interlocutores, Alcolumbre afirmou a integrantes do Palácio do Planalto que a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, nome favorito de Lula, enfrenta risco de rejeição no Senado. O governo calcula atualmente cerca de 35 votos garantidos a favor de Messias, seis a menos do necessário para sua aprovação.

A votação para o STF exige o apoio mínimo de 41 dos 80 senadores. Apesar de Messias ser visto com menos resistência que Flávio Dino, aprovado no fim de 2023 com 47 votos, uma parcela dos parlamentares estuda votar contra o advogado-geral não por discordância pessoal, mas para pressionar o Planalto a escolher Rodrigo Pacheco.

Essa ala defende que o atual presidente do Senado traria mais estabilidade política e reforçaria o diálogo entre Executivo e Legislativo. Em conversas recentes com o presidente Lula, Alcolumbre teria argumentado que o cenário para Messias é incerto e que Pacheco, por outro lado, seria um nome de consenso entre diferentes bancadas, inclusive dentro do Centrão.

O senador do União Brasil também destacou que a eventual escolha de Pacheco ajudaria o governo a consolidar uma base sólida no Senado e reduzir tensões em votações futuras.

O senador Rodrigo Pacheco. Foto: Divulgação

Pacheco, que evitou comentar publicamente as movimentações, é tratado por aliados como um nome “institucional” e bem visto entre ministros do STF, especialmente Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Próximo de Alcolumbre, o mineiro já foi sondado por colegas do Senado que defendem um perfil moderado e com trânsito político amplo para ocupar a cadeira de Barroso.

Enquanto isso, Jorge Messias segue como a aposta principal de Lula. O advogado-geral da União é considerado fiel ao presidente desde o governo Dilma Rousseff e tem o apoio de parte expressiva do PT e da base governista.

Assessores de Lula afirmam que o Planalto ainda trabalha para ampliar o número de votos e dissipar resistências entre parlamentares independentes. Nos bastidores, o principal desafio do governo é garantir que senadores da oposição e do Centrão não se unam em torno de Pacheco.

Embora o Planalto reconheça que ele tem um bom relacionamento com diferentes alas políticas, teme que sua ida ao Supremo amplie a influência de Alcolumbre sobre a Corte. Alcolumbre, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), órgão responsável por sabatinar o indicado ao STF, tem papel central no processo.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.