
A Advocacia do Senado pediu à Justiça Eleitoral do Ceará a prisão preventiva do ex-governador Ciro Gomes (PDT), alegando risco de repetição de “ofensas gravíssimas” contra a prefeita de Crateús, Janaína Farias (PT). O caso será analisado pela 115ª Zona Eleitoral de Fortaleza e se baseia em ação da Procuradoria Regional Eleitoral de 2024, quando Janaína ainda atuava como senadora suplente.
Como conta o colunista Carlos Madeiro, segundo os advogados Hugo Kalil e Fernando César Cunha, Ciro voltou a atacar Janaína em agosto, durante o aniversário do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (União). Na ocasião, ele insinuou que a prefeita teria “recrutado moças pobres, de boa aparência, para fazer o serviço sexual sujo do seu Camilo Santana”.
Antes disso, em abril de 2024, já havia chamado Janaína de “cortesã” e “assessora para assuntos de alcova”, além de acusá-la de organizar “as farras de Camilo Santana”. Por essas declarações, foi proibido judicialmente de repetir as ofensas e condenado em primeira instância a indenização, ainda em recurso.
A Advocacia do Senado reforça que a reincidência configura “risco concreto à integridade” de Janaína e caracteriza violência política de gênero. No pedido, aponta que as falas de Ciro representam “o menosprezo à condição de mulher da vítima, com o intuito de dificultar seu mandato eletivo”. Caso a prisão não seja decretada, a defesa da prefeita pede medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica ou restrição de contato.

O juiz Victor Nunes Barroso determinou o envio do caso à Polícia Federal para investigar possível crime de perseguição (stalking). A defesa de Ciro, representada por Walber Agra, rebateu a iniciativa: “Não há requisitos para prisão preventiva. Ele apenas exerceu seu direito de liberdade de expressão e crítica política. Você pode dizer que foi exacerbado, mas não prisão por isso”.