Separados no nascimento: Aécio Neves e Eduardo Campos

Atualizado em 11 de junho de 2014 às 18:04
Eles
Eles

 

Os dois concorrentes de Dilma ao Planalto, Eduardo Campos e Aécio Neves, são, na verdade, um só. Há gente que acredita que eles sejam a mesma pessoa, embora já tenham sido fotografados juntos.

Dilma, no final das contas, está combatendo apenas uma ideia, se é que podemos chamar assim.

Amigos há mais de uma década, Campos e Aécio são qualquer coisa, menos novidade. Representam tradições políticas enraizadas em seus estados, feudos que duram gerações.

Aécio é neto de Tancredo, que foi tudo na política mineira até morrer antes de tomar posse como presidente em 1985 (o pai, Aécio Cunha, foi deputado federal). Campos é neto de Miguel Arraes, dinastia de Pernambuco, que foi prefeito do Recife, deputado estadual, deputado federal e três vezes governador.

Estão no segundo mandato. Tanto um quanto o outro têm dificuldade para lidar com o Brasil fora de suas colônias. Campos e Aécio criticam o governo da mesma maneira. No atacado: o “inchaço dos déficits orçamentais”, a “inflação persistente”,  a “intervenção microeconômica” em setores como o preço da gasolina, a “censura” quando se menciona regulação da mídia, a “alta carga tributária” etc.

Eram — ou são — admiradores de Lula. Em 2010, Aécio disse que Lula era “um fenômeno, algo que, no futuro, os estudiosos, sociólogos e cientistas políticos vão analisar como algo que jamais aconteceu na história do Brasil”. Hoje não amacia. Campos, cujo PSB esteve na base aliada do governo até setembro, poupa Lula de críticas.

Embora Aécio tenho dito no Roda Viva que eles não são iguais e que as “diferenças vão surgir na campanha”, até agora pouco se viu de distinção. Trechos dos programas são praticamente os mesmos.

O de Aécio prega que “é urgente uma nova política industrial com foco no atendimento das pequenas e médias empresas”. O de Campos: “Nesse contexto, é preciso valorizar as pequenas e médias empresas”.

Sobre o Bolsa Família: “Nosso objetivo não é apenas garantir a cada família o direito a uma renda mínima, por meio do Bolsa Família, que buscamos ver assegurado na Lei Orgânica de Assistência Social como política de Estado”, diz o programa de Aécio. Campos: “É necessário, ainda, que a política de superação da pobreza se transforme em política de Estado”.

Agora, se Aécio ainda não encontrou seu vice, Eduardo Campos tem Marina Silva desde outubro de 2013. Mas, se alguém achou que isso faria alguma diferença, estão aí os fatos para atestar o contrário.