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Serra vice de Aécio? Eis oito lições de Frank Underwood, o VP gênio do mal de “House of Cards”

“Prestenção, Zé”

 

Frank Underwood é o protagonista de “House of Cards”, provavelmente a melhor série sobre política da história (melhor que “West Wing”). Obama é um dos fãs doentes.

Interpretado por Kevin Spacey, Underwood é um membro do partido Democrata. Um antiheroi complexo, inspirado em Ricardo III e McBeth, ambicioso e disposto a qualquer manobra sórdida em sua rota para a presidência, inclusive matar. Ele é casado com Claire (Robin Wright), uma loira gelada, sua parceira e cúmplice.

Segundo um crítico americano, Frank “saliva diante da chance de usar seu poder para ganhar mais poder, especialmente se isso envolver puxar o tapete de seus colegas”. Ele quer a cadeira. Para isso, topa ser vice, até envolver o titular numa trama inescapável, como uma aranha faz com uma mosca.

Na vida real, José Serra está sendo cotado para vice de Aécio Neves. Os dois inimigos figadais colocariam as diferenças de lado em nome do projeto do PSDB. Na sexta (16), Serra participou pela primeira vez de um evento da campanha de Aécio.

Vice não serve para nada, a não ser no caso de uma tragédia, mas Serra está analisando uma chance de ser sócio de Aécio. O que mais lhe resta, depois de perder para prefeito? Nem para síndico ele se garante.

Frank Underwood pode lhe ser útil com sua sabedoria, sua determinação e seus métodos. Eis oito lições de Frank para José Serra:

1. “Para aqueles de nós que chegamos ao topo da cadeia alimentar, não pode haver misericórdia. Há apenas uma regra: caçar ou ser caçado”

Para liderar, é preciso às vezes ser o bandido. O mundo cínico de Frank Underwood não admite clemência. Você precisa fazer alianças com pessoas que podem ajudá-lo e atirar pela janela aquelas que não são úteis.

2. “Não posso perder a minha determinação. Vou marchar adiante, mesmo se for sozinho”

Underwood não desistiu quando foi preterido. Deu a volta por cima. As coisas era cor de rosa quando Serra era governador de São Paulo, antes de apelar para o atentado da bolinha de papel. Mas nós sabemos que a vida não é assim. Houve e haverá momentos em que a confiança é abalada. É quando será ainda mais necessário se ater aos objetivos.

3. “Nós vamos ter muitas noites como esta, fazendo planos , dormindo muito pouco”

É preciso que Serra esteja preparado para dar duro. Ele já é um notívago contumaz, tuitando às vezes às 5 da manhã, então isso não será um problema. Ao invés de se intimidar com as noites tramando no congresso, Frank Underwood se dedicou e se empenhou em alcançar seu fito.

4. “Leva apenas dez segundos para se esmagar a ambição de um homem”

Grandes líderes usam o poder de forma responsável. Frank Underwood não formou sucessores. Em torno de Serra não cresce grama.

5. “Eu não gosto de ver ninguém perder se todo mundo pode ganhar”

Há homens cuja alegria não está em ganhar, mas em fazer os outros perderem. Frank tenta levar sua equipe ao triunfo, inclusive e principalmente sua mulher. Quando Underwood precisou se livrar de uma ou outra pessoa em seu caminho, pôde contar com seu time. Onde está o exército de JS?

6. “Se você quer ganhar a minha lealdade, então você tem de me oferecer a sua”

Lealdade é uma via de mão dupla. Confie nos outros sem esperar que eles confiem em você. Apoie-os quando eles precisarem, apoie suas ideias e defenda-os em momentos de necessidade. Serra odeia Aécio, mas tudo pode mudar se o Careca estender a mão para o mineiro como prova de boa fé.

7. “Às vezes, a única maneira de ganhar o respeito do seu superior é desafiá-lo “

Grande líderes sabem escolher sua batalha. Frank Underwood teve de dizer “não” muitas vezes para conseguir avançar. Às vezes, ser capaz de contradizer o seu superior é necessário para ser notado. “Você deve saber quais são as batalhas importantes para aceitar perder as que não são”, diz FU.

8. “A insegurança me aborrece”

Um líder não precisa de insegurança. Frank Underwood tem completa confiança em si mesmo e em seu pessoal. Mesmo quando sua mulher dorme com um fotógrafo gato, que o chantageia depois, ele não se deixa abalar. Ele aprende com seus adversários, assim como José Serra pode extrair lições de Aécio e sua turma. O que não dá é para ficar com mimimi.

Se nada der certo, resta uma atitude extrema. “De todas as coisas que tenho em alta consideração, regras não estão entre elas”. Mas isso José Serra já sabe.

 

Eles

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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