Sete filhos, incentivadora da filha quando ela quis desistir: a mãe de Rebeca Andrade, dona Rosa, é ouro

Atualizado em 1 de agosto de 2021 às 6:40
Rebeca e a mãe, dona Rosa

“Você é mulher guerreira, corajosa, uma força da natureza, pois você não se diminuiu e assumiu os dois grandes papeis do teatro da vida, mãe e pai. Você é essência que ilumina, que orienta. Você é colo, sorriso e palavra de conforto. Você é exemplo de vida, autoridade que educa.

Você é tudo em uma pessoa só, às vezes esquecendo ou negligenciando seus próprios interesses em favor de outros, pois seu coração é maior que o universo e nele vive um amor infinito e incondicional.

Feliz dia dos pais, MÃE! Te amo!”

A maior inspiração de Rebeca Andrade — prata em Tóquio, primeira medalha da ginástica olímpica feminina brasileira para uma mulher negra — é sua mãe.

As palavras acima foram escritas no ano passado, no Dia dos Pais.

Sem dona Rosa, talvez Rebeca tivesse o destino de outras meninas negras do Brasil. Graças a ela, subiu ao pódio, num desses milagres nacionais, servindo de prova e modelo para tantas outras.

Empregada doméstica e mãe solo de sete filhos, Rosa Santos incentivou o  talento da filha desde cedo. Aos 9 anos, Rebeca saiu de casa em Guarulhos, na Grande São Paulo, para tentar a sorte na equipe do Flamengo, onde está até hoje.

“Muitos me criticaram na época”, contou ela ao Uol. “Diziam ‘você é doida de deixar sua filha ir embora’. Mas eu tive a sabedoria e a mente aberta para deixá-la seguir seus sonhos. Eu deixei que ela voasse atrás de um objetivo. Deixando também claro que se não desse certo, as portas de casa sempre estariam abertas para ela. Hoje eu vejo que agi certo por ter ouvido o meu coração.”

A família se mobilizou em torno de Rebeca. “Quando ela achava que era hora de parar porque não tinha dinheiro para condução, o irmão falava: ‘eu levo ela a pé’. A distância era de duas horas caminhando”, disse Rosa.

Ela estava lá quando as lesões apareceram, nas operações no joelho, nos momentos em que a Rebeca falou em desistir. 

Lembrava que a dor é transitória e que fazia parte da vitória.

“Durante a competição não consegui pensar em nada, mas quando veio a medalha passou um filme. Eu me lembrei da Rebeca aos 3 anos dando estrelinha sem mão. Vieram à mente também os obstáculos que tivemos que enfrentar e que conseguimos”, relatou. “É uma prata com sabor de ouro.”

As Rebecas e Rosas e Daianes são a certeza de que podemos sorrir, agora e no futuro, e que os Bolsonaros serão enterrado com seu ódio como as fezes do gato.

Rebeca e dona Rosa