
Grandes empresários brasileiros desempenharam papel importante na aproximação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que resultou no aceno feito pelo republicano ao presidente brasileiro durante a Assembleia-Geral da ONU. Segundo interlocutores, companhias como a Embraer e a JBS ajudaram a abrir canais de diálogo com o governo norte-americano, fortalecendo a ala que defende negociações comerciais em vez de embates políticos. Com informações da Folha de S.Paulo.
Na administração Trump, os defensores dessa linha estão ligados ao escritório de comércio dos EUA, comandado por Jamieson Greer, e ao Departamento de Comércio, chefiado por Howard Lutnick. Também o secretário do Tesouro, Scott Bessent, manifestou preocupação com os impactos de sanções contra bancos brasileiros. O grupo se contrapõe a assessores como Jason Miller e a setores do Departamento de Estado, que desejavam usar o julgamento de Jair Bolsonaro como eixo da relação bilateral.
Nas conversas com autoridades americanas, empresários brasileiros argumentaram que sobretaxas a produtos como café e carne aumentariam os preços para consumidores nos EUA e, ao mesmo tempo, acabariam fortalecendo politicamente Lula, em vez de enfraquecê-lo. Também ressaltaram que a reabilitação política de Bolsonaro está fora do alcance de Washington, uma vez que o STF já o condenou.

Entre os que estiveram em Washington para atuar contra as tarifas estão Joesley Batista, João Camargo, presidente do conselho da Esfera Brasil, e Carlos Sanchez, da EMS. Eles se reuniram com parlamentares republicanos e integrantes da equipe de Trump, incluindo Susie Willes, chefe de gabinete do presidente. A CNI também manteve encontros com representantes do Departamento de Comércio e do USTR.
O esforço contribuiu para que, mesmo com novas sanções anunciadas no início da semana, não houvesse ampliação do tarifaço nem exclusão de itens da lista de exceções. Pelo contrário, interlocutores acreditam que produtos como a carne possam ser incluídos em futuras isenções.
Esse movimento abriu espaço para que Lula e Trump tivessem um breve contato nos bastidores da ONU, em Nova York. A conversa, que durou menos de um minuto, foi suficiente para que os dois acertassem uma reunião na semana seguinte, prevista para ocorrer por videoconferência, segundo o chanceler Mauro Vieira.