Sexo e ditadura. Por Miguel Paiva

Atualizado em 11 de outubro de 2022 às 11:15
O atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e a ex-ministra e senadora Damares Alves (Republicanos)
Foto: Reprodução/PR

Por Miguel Paiva

Associar o futuro governo Lula à uma ditadura, além de estratégia política da direita é de uma burrice e falta de informação sem tamanho. Parece que já não vivemos 14 anos de governo PT e nem chegamos perto de uma ditadura. Em 4 anos o governo Bolsonaro ameaçou decretos e atitudes extremamente ditatoriais, mas isso o gado não quer ver.

Associar a esquerda à ditadura é tão velho quanto a própria ideia de ditadura militar. Nós já vivemos, também, uma aqui no Brasil e Bolsonaro sempre foi o primeiro a exaltá-la não só como militar declarado a favor da tortura como pelos elogios institucionais ao General Brilhante Ustra. Mas não punimos Bolsonaro por isso e a Constituição até permitia.

Nas ditaduras antigas não há nem espaço para impeachment ou reunião do Congresso eleito pelo povo. Nas modernas existem subterfúgios que camuflam a falta de direitos essenciais e os atropelos na ideia de democracia. Através do Supremo, contra o qual Bolsonaro tanto reclama, eles podem reverter e fazer virar um instrumento a seu favor. Aumentando o número de ministros e direcionando sua escolha é fácil. É o que eles querem.

Lula sempre seguiu a lista tríplice de indicados para a PGR apesar de poder ele mesmo escolher o próximo procurador. Não quis. Fez o jogo institucional e acabou sendo processado por ministros que ele mesmo indicou. Isso é ditadura? Colocar na PGR um procurador que não acha nada nos crimes que o Bolsonaro cometeu é sim um ato antidemocrático.

Ditadura é você não poder se reunir na rua para discutir ou protestar, é não poder exercer seu direito de crítica contra governos autoritários, é assistir sem poder fazer nada a uma política econômica que só quer tirar vantagens para a classe dominante e para o mercado em detrimento do povo que, aqui no Brasil, já está mais que sofrido.

Esta é verdadeira ditadura e é isso, cada dia mais claro, que o Bolsonaro quer. Vamos lutar agora para que isso não aconteça, para que não sejamos governados por gente como a Damares, capaz de inventar mentiras odiosas e ao mesmo tempo ingênuas, mas que o povo acredita falando sempre de sexo, de práticas que a vida normal nos países civilizados não demoniza. Essas perversidades que ela enumera podem até acontecer, sendo bem permissivo no meu pensamento, mas executadas pela direita e não pela esquerda. Quem é capaz de pensar essas coisas pode certamente realizá-las. A esquerda não pensa assim. Pelo contrário, a esquerda sempre foi moralista e comportada. Associar perversidades a artistas também é um discurso antigo e preconceituoso que não pode proliferar. Chega de tanta mentira e de tanta merda espalhada em nosso nome.

Gostamos de sexo oral, mas sempre consentido, por ambas as partes e não como obra do demônio que habita essas pessoas nem difundido para crianças como elas vêm fazendo. Damares talvez precise arrancar os dentes para que as mentiras saiam de sua boca mais facilmente. Serão todas processadas um dia. Tenho certeza.

Texto publicado originalmente em Jornalistas pela Democracia

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