“Shutdown”: Congresso não chega a acordo sobre orçamento e governo dos EUA é paralisado

Atualizado em 1 de outubro de 2025 às 6:28
Capitólio, sede do parlamento dos EUA. Foto: reprodução

O governo dos Estados Unidos entrou em paralisação nesta quarta-feira (1º) após o Congresso não conseguir aprovar o projeto orçamentário para estender o financiamento federal. Com isso, uma série de serviços públicos deve ser suspensa já nas próximas horas. A paralisação, também conhecida como “shutdown”, é a 15ª desde 1981.

No centro do impasse está a saúde. Os democratas afirmam que só aprovarão o orçamento se programas de assistência médica prestes a expirar forem prolongados.

Sem a extensão desses benefícios, os custos com saúde para 24 milhões de estadunidenses aumentarão drasticamente, com impacto maior em estados controlados por republicanos, como Flórida e Texas — que não implementaram medidas que garantam cobertura médica para pessoas de baixa renda.

Já os republicanos de Donald Trump defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados separadamente. Eles acusam os democratas de usar o orçamento como moeda de troca para atender demandas próprias antes das eleições legislativas de 2026, que definirão o controle do Congresso.

A crise ganhou novos contornos com as ameaças do presidente. Trump afirmou que poderia demitir servidores e encerrar programas ligados aos democratas caso o governo fosse paralisado. “Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, disse.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: Carlos Barria/Reuters

Na segunda-feira (29), lideranças democratas e republicanas se reuniram com Trump na Casa Branca para tentar negociar uma saída. As conversas não avançaram, e ambos passaram a se acusar de forçar a paralisação do governo.

Na noite da última terça-feira (30), senadores tentaram aprovar o orçamento, mas a última proposta discutida recebeu apenas 55 dos 60 votos necessários. Nas redes sociais, a Casa Branca confirmou a paralisação, que chamou de: “Shotdown democrata”.

Com a paralisação, apenas serviços considerados essenciais continuarão funcionando, como segurança pública, fiscalização de fronteiras e parte do controle aéreo.

A última paralisação ocorreu entre 2018 e 2019, no primeiro mandato de Trump, quando ele exigiu que o Congresso aprovasse gastos para a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México. O presidente recuou 35 dias depois. O custo estimado da crise foi de US$ 3 bilhões.

O “shutdown” também pode afetar turistas. Companhias aéreas alertam que atrasos em voos são prováveis nos próximos dias. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) informou que 11 mil funcionários serão enviados para casa.

Durante a paralisação, 13 mil controladores de tráfego aéreo terão de continuar trabalhando sem receber salário. Atualmente, os EUA enfrentam déficit de cerca de 3.800 controladores.

Ainda no setor do turismo, parques nacionais, museus e zoológicos federais também podem fechar ou ter serviços internos suspensos. A Estátua da Liberdade, em Nova York, e o National Mall, em Washington, devem interromper as visitas, por exemplo.

Para os moradores, alguns serviços continuarão funcionando, como o pagamento de aposentadorias e benefícios de invalidez, além de programas de saúde. O Serviço Postal seguirá operando, já que não depende do orçamento do Congresso.

Em relação à segurança, agentes do FBI, da Guarda Nacional e de outras forças federais continuarão trabalhando, assim como patrulhas de fronteira e fiscalização de imigração. No Pentágono, mais da metade dos 742 mil funcionários civis será afastada. Cerca de 2 milhões de militares estadunidenses permanecerão em seus postos. A paralisação também pode atrasar a divulgação de dados econômicos importantes, afetando políticas públicas e investidores.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.