“Silenciar sobre o golpe de 64 favorece novos retrocessos”, diz Marco Aurélio de Carvalho ao DCM

Atualizado em 16 de março de 2024 às 13:10
Tanques durante Golpe Militar de 1964. Foto: reprodução

O grupo jurídico Prerrogativas emitiu duas notas incentivando que a população brasileira recorde dos 60 anos do golpe de 1964, que iniciou uma Ditadura Militar a partir de 31 de março no Brasil. Os textos, um assinado particularmente pelo coordenador do grupo, Marco Aurélio de Carvalho, e outra, em nome do Prerrogativas, destacam a importância de lembrar o golpe.

Ao DCM, Carvalho afirmou que “o objetivo da nota é evitar que o esquecimento seja o caminho mais fácil para que a história reproduza que o golpe fez de pior para a sociedade e para o mundo”. Segundo o advogado, “esquecer é, seguramente, uma receita que não deu certo no Brasil e no mundo”.

Além da aproximação com a data que marca o momento histórico, o assunto, segundo Carvalho, precisa ser ainda mais fomentado no debate em decorrência das últimas revelações sobre as intenções golpistas tramada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

O coordenador do Grupo Prerrô também contou que o manifesto surge “frente às revelações absolutamente sérias que foram feitas recentemente, em razão da abertura do sigilo dos depoimentos dos ex-comandantes das Forças Armadas. “A gente defende a prisão do Bolsonaro e a prisão do então comandante da Marinha”, disse.

Na ocasião, o Almirante Almir Garnier colocou as tropas à disposição do ex-presidente para a aplicação do golpe, segundo os depoimentos de Mauro Cid e dos demais líderes das FA.

“Há poucos anos do golpe contra a presidenta Dilma e da intentona bolsonarista de 8 de janeiro de 2023, ignorar o passado favorece o recrudescimento de novos retrocessos, como é o caso da campanha para perdoar o inominável e seus cúmplices”, diz a nota assinada por Carvalho.

Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas. Foto: reprodução

Veja as notas na íntegra:

A determinação de silenciar diante do golpe militar de 1964 é inadmissível.

Contraria nossa história e ofende a luta e a memória de tantos e tantas em defesa da democracia.

Sobretudo agora, há poucos anos do golpe contra a presidenta Dilma e da intentona bolsonarista de 8 de janeiro de 2023, ignorar o passado favorece o recrudescimento de novos retrocessos, como é o caso da campanha para perdoar o inominável e seus cúmplices.

Por isso, nós, do Grupo Prerrogativas, nos irmanamos a todos e todas que rememoram e condenam o golpe de 1964. E conclamamos à participação no ato de 23 de março.

Marco Aurélio de Carvalho
Coordenador do Grupo Prerrogativas

Nota do Grupo Prerrogativas

Golpe de 64: jamais esquecer a barbárie!

Não, não é verdade que os mortos governarão os vivos. Não, não é verdade que o passado encobrirá o presente e o futuro. Não, não concordamos com o lema positivista de Augusto Comte de que “Os vivos são sempre, e cada vez mais, governados pelos mortos”.

Por isso, o Grupo Prerrogativas. manifesta seu repúdio veemente ao Clube Militar por ter a ousadia e o cinismo de comemorar o golpe militar de 1964, que decretou a ditadura civil-militar que governou o Brasil por mais de duas décadas e o mergulhou no obscurantismo .

Não, nem os mortos e nem seus espectros governarão os vivos. A história é a melhor professora !

No triste e vergonhoso aniversário de 60 anos do golpe, o momento é de requestionar o passado como condição para entender o presente e vislumbrar um futuro. O passado não governa o presente. E muito menos o futuro. Comemorar o terror é retirar do presente o direito de julgar o passado.

Se, para o Clube Militar, os mortos ainda governam os vivos, a democracia diz: são os vivos que constróem o presente.

Esquecer, jamais. Não se coloca no esquecimento milhares de mortos, desaparecidos, a cassação de mandatos, o AI-5 e a tortura.

Se há algo a comemorar, é a resistência à tirania. A passagem do ano 60 deve servir como o mais retumbante “nunca mais”.
Nada mais do que isso.

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