Silvio Santos, judeu, tem como estrela do SBT um sujeito pregando “campos de concentração”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de abril de 2020 às 14:17
Silvio Santos e Marcão do Povo, que sugeriu a criação de campos de concentração

O apresentador do programa “Primeiro Impacto”, do SBT, sugeriu a Jair Bolsonaro, ao vivo, a criação de um “campo de concentração” para isolar os doentes de coronavírus.

Foi isso mesmo que você leu.

Marcão do Povo acha vai resolver a questão de ter “que espalhar dinheiro pros estados”.

“O senhor é o presidente da República, dá um decreto, põe o exército nas ruas, e aí o governador que descumprir… cana. Monta um campo, um local adequado e trata as pessoas lá”, falou.

“É uma ideia que eu tô dando, a população pode concordar ou não concordar, o Presidente pode acatar ou não acatar. É uma ideia, fica a dica!”

É uma extensão do discurso de Roberto Justus e Junior Durski, dono do Madero, sobre os “velhinhos” dispensáveis nessa crise humanitária.

Se você está naturalizando a morte de idosos, por que não de todos os infectados? O método? Que tal câmaras de gás?

Marcão — cujo nome de batismo é Marcos Paulo Ribeiro de Morais, goiano — é uma das estrelas da casa.

É fisicamente parecido com o patrão, Silvio Santos. Tudo artificial — o nariz, a boca, a entonação —, menos a estupidez.

Essa é autêntica.

Judeu sefardita, o ex-camelô Senor Abravanel, ou Silvio Santos, é descendente, na linhagem paterna, de Isaac Abravanel, que foi tesoureiro de Afonso V, de Portugal, no século 16.

Alberto Dines usou a história de Silvio para falar da imigração judaica no Brasil num livro chamado “O Baú de Abravanel”.

Isaac foi expulso pela Inquisição com a família, num do episódios mais dantescos da humanidade.

Silvio já declarou ter orgulho de suas raízes. Em visita ao Templo de Salomão com Edir Macedo, disse ser da “tribo de Levi”, uma das tribos perdidas de Israel.

Pode-se argumentar que SS seja um judeu aculturado e um homem ignorante. Ok.

Ainda que fosse devoto de Krishna ou de um tronco de árvore, deveria mandar Marcão do Povo imediatamente para a rua se tivesse dignidade. 

Não é o caso.

Marcão deverá seguir adiante, eventualmente com uma promoção de Silvio, bolsonarista de ocasião.

Está tranquilo pois sabe que, amanhã, ainda que fosse dispensado, estaria na RedeTV, na Record ou na CNN pregando, por que não?, o quarto Reich para acabar com outros “moléstias”.