Similia simulibus curantur: PGR dá a Moro veneno que ele dava a Lula. Por Fernando Brito

Atualizado em 4 de junho de 2020 às 9:15
Sérgio Moro é ministro da Justiça e Segurança Pública – Foto: AFP

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

Nos jornais, a articulação de Bolsonaro contra Sergio Moro mira com o mesmo olho torto que o ex-juiz mirou o ex-presidente Lula: usar provas indiciárias – ou provas que não provam, mas sugerem – para condenar o antigo Super Homem de Maringá e torná-lo inelegível, conta a repórter Andrea Sadi, no G1.

O braço desta articulação seria a reabertura das negociações para a delação premiada do advogado Rodrigo Tacla Duran, que acusa um amigo íntimo de Moro – Carlos Zucolloto, seu padrinho de casamento e ex-sócio de sua mulher – arquivadas pelo Ministério Público na era de ouro da Lava Jato.

É evidente que repugnam investigações dirigidas, até mesmo contra Sergio Moro, que disso usava e abusava, mas é irônico que se esteja aplicando sobre ele o velho preceito hipocrático da cura pelo semelhante – o famoso similia similibus curantur.

Moro, entretanto, deve ter seus atos examinados à luz da lei e das provas que demonstram, claramente, sua associação aos acusadores de Lula, agindo de maneira que, evidente para qualquer pessoa honesta, destruiu a imparcialidade judicial.

Mas, se não encerrar seu período de evidência por isso, morrerá à míngua por orfandade. A geração que ele criou adotou-se de Bolsonaro e já o renegou, deixando-o pendurado apenas na Globo e no que resta da “Força Tarefa” da Lava Jato.

Por enquanto…