Só falta aflorar a irresistível química do pitbull Marco Rubio. Por Moisés Mendes

Atualizado em 6 de outubro de 2025 às 23:47
O secretário de Estado, Marco Rubio. Foto: Divulgação

Por Moises Mendes

A reação mais previsível, depois da conversa de Lula com Trump, alerta para a sequência que vem aí: o negociador escalado pelo fascista é outro fascista, o secretário de Estado, Marco Rubio.

Por que não o chefe do Tesouro ou o secretário de Comércio? Trump teria preparado a armadilha com a escalação de Rubio, anticomunista, defensor das chantagens e pregador de que a guerra é mais do que um embate sobre tarifas e por isso é mais ideológica do que comercial.

Mas quem seria menos fascista hoje do que Rubio na Casa Branca? A extrema direita comemora, levando em conta que Rubio foi quem mais mandou recados ao Brasil e não vai fazer concessões que possam ser consideradas derrotas para o núcleo de poder americano.

Quando a Lei Magnitsky foi aplicada contra Alexandre de Moraes, em julho, Rubio escreveu nas redes sociais:

“Que esse seja um aviso para aqueles que atropelam os direitos fundamentais de seus compatriotas; as togas judiciais não podem protegê-los”.

Um resumo grosseiro cria nesse caso a dupla do bom e do mau. Trump é o cara que abre a porta, elogia Lula, admite que é preciso negociar e chama como negociador o pitbull que não negocia nada com governos de esquerda.

Se der errado, o problema será de Lula com o negociador. Se alguma coisa der certo para o Brasil, terá sido ele, Trump, o cara que travou e depois destravou as relações entre os dois países.

Os presidentes Lula e Donald Trump. Foto: Divulgação

O fascismo brasileiro está mais confuso do que a esquerda e o governo. Mesmo que o governo tente parecer um pouco eufórico.

Só falta, em meio a tanta coisa imprevisível, descobrirem que também Marco Rubio sentiu uma certa química com Alckmin e Haddad, que serão os negociadores brasileiros.

Tudo é tão estranho que Eduardo Bolsonaro pode se sentir desprezado dentro dos Estados Unidos e pedir asilo ao Brasil.

CALADO
A opinião mais importante da extrema direita sobre a conversa de Lula com Trump é a de Eduardo Bolsonaro. As outras não valem quase nada, nem a do próprio Bolsonaro.

A opinião do filho sabotador e ameaçador e amigo de Trump é a que importa. Mas não li até agora (18h30min) nada sobre o que ele acha do que aconteceu hoje.

GENTE DE PESO
Esses são quatro nomes de expressão da extrema direita que a Folha conseguiu reunir com opiniões críticas à conversa de Lula com Trump: Paulo Figueiredo, Fábio Wajngarten, Alexandre Ramagem e Eduardo Pazuello.

Só faltou Magno Malta.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/