‘Só não falam que sou boiola’: quem são os empresários que ovacionaram Bolsonaro em SP

Atualizado em 8 de abril de 2021 às 9:04
Ele tem uma sensibilidade social contagiante

É certo que a elite brasileira é predadora e destituída de sensibilidade social. Já se disse que a justificativa é por ela não acreditar no país.

Por isso a ordem é acumular mais e mais sempre no menor espaço de tempo possível. Vai saber o que vem pela frente, não?

Mas também não precisava exagerar tanto. Empresários reunidos com Bolsonaro nesta quarta-feira, 7, em São Paulo, extrapolaram na dissimulação.

Ovacionaram o sujeito num jantar em que a pauta era a crise da pandemia e como o país está reagindo para superar o desafio e botar as coisas nos trilhos para recuperar a economia.

Sem brilho, sem verniz, Bolsonaro conseguiu discursar por 10 minutos. Ufa! Não foram apenas 2 ou 3 como faz habitualmente.

Sem máscara, não tocou no assunto vacina, o principal assunto da pauta. Quem se importou?

Contrário disso, preferiu criticar o lockdown e, óbvio, detonar os governadores.

Foi mais aplaudido quando elogiou Paulo Guedes, o homem que acabou com a Previdência Social, entregou esse grande negócio aos bancos, e criou uma nova configuração de emprego que se assemelha à escravidão.

Faz todo sentido Bolsonaro ter sido ovacionado, se levarmos em consideração o contexto.

Para começar, em meio à pandemia e a necessidade do país salvar sua população na maior crise sanitária da história – o número de óbitos dia já passa de 4 mil, num total acumulado de quase 350 mil pessoas, o evento aconteceu na casa de um sujeito cuja atividade para engordar a conta corrente é segurança: Washington Cinel.

Participaram 25 homens de negócios de vários setores, como banqueiros, negociantes da área da saúde, empreiteiros.

Na mesa com o sujeito se sentaram Carlos Sanchez, do grupo EMS, José Isaac Peres (Multiplan), Rubens Menin (MRV e CNN), Rubens Ometto (Cosan) e Paulo Skaf. Além deles, os banqueiros André Esteves (BTG), Luiz Carlos Trabuco, David Safra, presidente do Banco Safra, Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva, do Habib’s, e o anfitrião, Washington Cinel.

“Falam mal de tudo que eu faço. A única coisa que a imprensa ainda não disse de mim é que eu sou boiola”, disse Bolsonaro em certo momento, para delírio geral.

Bolsonaro expressa a visão de mundo do empresariado. Isso explica nossa história”, comentou o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na manhã desta quinta, 8.

O capitão e essa turma se merecem.