
Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos, foi morto com um tiro na cabeça por um policial militar enquanto voltava para casa após o trabalho, em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo. A viúva, Sthephanie dos Santos Ferreira Dias, afirma que o marido foi atingido pelas costas “a sangue-frio” por ser negro. “Só porque é um jovem negro e corria para pegar o ônibus, [ele] atirou. Era o único jovem preto ali e foi atingido”, disse. Guilherme levava uma marmita, talheres, um livro e sua roupa de trabalho na mochila.
De acordo com a Polícia Civil, o PM alegou ter reagido a uma tentativa de assalto por suspeitos armados enquanto pilotava uma moto, e teria confundido Guilherme com um dos agressores. O policial foi preso em flagrante, mas pagou fiança de R$ 5.600 e responde em liberdade por homicídio culposo. Uma mulher que passava pelo local também foi baleada. A arma usada, uma pistola da PM, foi apreendida, e o caso segue sob investigação do DHPP com apoio da perícia técnica.
O rapaz trabalhava como marceneiro havia quase três anos e estava no segundo dia após retornar das férias. Testemunhas e colegas afirmam que ele saiu do trabalho às 22h28 e foi morto às 22h35. Ele mesmo postou uma foto do relógio de ponto antes de sair. Após contato da família com a polícia, ele deixou de ser classificado como “envolvido” e passou a ser oficialmente reconhecido como “vítima” no boletim de ocorrência.

Sthephanie contou que o marido nunca chegava tarde sem avisar e havia mandado mensagem dizendo que estava indo embora. “Ele nunca se envolveu com nada. Era do serviço para casa, da casa para igreja. Sempre com a gente ou com os pais dele”, disse.
O corpo foi encontrado na rua pelo cunhado, que não pôde se aproximar da vítima por conta da perícia, e ficou no local até as 7h da manhã.
O casal estava junto havia quase dois anos e fazia planos de ter filhos. “O sonho dele era ser pai. A gente estava em tratamento para gerar um filho”, contou a viúva.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que o policial reagiu à tentativa de roubo efetuando disparos e, ao ver Guilherme se aproximando, atirou novamente, por erro de percepção. A versão afasta a legítima defesa e embasou a autuação por homicídio culposo. A Polícia Militar acompanha o inquérito.