Sob Bolsonaro, Brasil abriu quase um clube de tiro por dia

Atualizado em 16 de julho de 2022 às 9:52
Jair Bolsonaro em carro de som no ato golpista da Av. Paulista
Jair Bolsonaro (PL) se apropriou da bandeira pró-armas e durante seu governo número de clubes de tiro aumentou.  Foto: Paulo Lopes/AFP

Durante o governo Bolsonaro, quase um clube de tiro foi aberto por dia no Brasil. Segundo números cedidos pelo Exército, há 2.061 clubes de tiros em atividade no país, e quase metade (1.006) foi fundada de janeiro de 2019 até maio de 2022. Ainda no primeiro ano do atual governo, o Brasil bateu um recorde de inaugurações de clubes de tiro, com a abertura de 232 entidades. A marca, porém, já foi superada duas vezes, com 291 clubes fundados em 2020 e mais 348 no ano passado.

Os clubes têm avançado cada vez mais ao interior do país, aumentando a circulação de armas em massa. Alagoas, por exemplo, tinha somente três entidades registradas no Exército até 2010, sendo duas em Maceió e uma em Arapiraca, segunda maior cidade do estado. Hoje são 25 clubes, espalhados por 15 municípios.

A atividade tem alcançado um novo público, para além de praticantes de tiro esportivo e agentes policiais: os que veem as armas como instrumento de segurança pessoal. No último sábado (9), uma manifestação em Brasília pediu a derrubada de restrições ao armamento para todos os cidadãos. Sob o lema “não é sobre armas, é sobre liberdade”, o ato teve discursos de apoio ao atual presidente e contou com diferentes perfis.

De acordo com dados do Exército, o movimento pró-armas começou a crescer ainda antes do governo Bolsonaro. O registro de clubes de tiro teve uma alta em 2004 e 2005, logo após a aprovação do Estatuto do Desarmamento, mas os números caíram de forma acentuada logo em seguida e se mantiveram baixos até 2016, quando começaram a subir. O aumento coincide com a ascensão de Bolsonaro, que trouxe a bandeira pró-armas à sua campanha presidencial de 2018 e seu mandato.

“As armas são instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas. Isso depende de quem as está segurando: pessoas boas ou más. Um martelo não prega e uma faca não corta sem uma pessoa”, afirmava um trecho do plano de governo Bolsonaro.

Segundo uma pesquisa do PoderData realizada em maio deste ano, 55% dos brasileiros não querem ter uma arma de fogo em casa. A pesquisa também mostrou que a maioria da população brasileira é contra o governo facilitar a compra de armas de fogo (62%) e não acredita que armas tragam mais segurança (72%).

A campanha do presidente à reeleição, por sua vez, segue defendendo pautas armamentistas. Recentemente Bolsonaro afirmou em entrevista à rede Fox News dos Estados Unidos que pretende “aprovar leis sobre armas de fogo nos mesmos moldes” norte-americanos, uma das mais frouxas do mundo. “Se reeleito, se tudo correr bem, teremos um apoio substancial no Congresso. Seremos capazes de aprovar leis sobre armas de fogo nos mesmos moldes do que nos EUA”.

Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em transmissão ao vivo em suas redes sociais, que o ex-presidente Lula (PT) transformaria “clubes de tiro em bibliotecas” caso fosse eleito. Bolsonaro ainda comemorou o aumento do número de lojas de armas em sua gestão. “Não se esqueçam que o outro cara, o de nove dedos, falou que vai acabar com a questão do armamento no Brasil, tá? Vai recolher as armas, clube de tiro vai biblioteca”, acusou.

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