O número de mortes cometidas por policiais militares usando câmeras corporais no estado de São Paulo aumentou 86% em 2023, o primeiro ano da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em comparação com 2022.
Os dados foram fornecidos à Folha de S.Paulo pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que analisou informações do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público estadual.
Mesmo com o aumento, o número de casos permanece abaixo dos níveis anteriores à implementação das câmeras corporais. Tarcísio, que já questionou a eficácia desses dispositivos, anunciou na última quarta-feira (22) um edital para expandir o programa.
No entanto, o bolsonarista planeja modificar significativamente o sistema atual, especialmente no que diz respeito à ativação das gravações. Especialistas em segurança pública alertam que essas mudanças podem comprometer futuras investigações, pois a responsabilidade de ligar as câmeras passaria a ser dos próprios policiais em serviço.
Atualmente, 18 batalhões utilizam câmeras corporais que funcionam de maneira contínua, sem necessidade de ativação manual pelos agentes. Com a proposta de Tarcísio, os policiais teriam que ligar as câmeras para iniciar a gravação. Além disso, uma central de monitoramento poderia ativar o equipamento se detectar que o agente não seguiu o protocolo e não ligou a câmera.
Em 2023, policiais dos batalhões com câmeras corporais mataram 84 pessoas, em comparação com 45 em 2022, quando o estado era governado por João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB). Em 2019, último ano sem o uso de câmeras, foram registrados 261 casos.
Vale destacar que o uso de câmeras corporais começou em São Paulo em 2020, inicialmente em fase de testes em três unidades. Naquele ano, foram registradas 266 mortes, o maior número desde o início da série histórica em 2017.
A partir de junho de 2021, o uso de câmeras foi ampliado para os atuais 18 batalhões, resultando em uma redução para 119 mortes naquele ano. Esses dados, no entanto, incluem apenas as unidades que utilizam câmeras corporais. Atualmente, cerca de 10 mil policiais, representando 13% dos 79 mil agentes do estado, usam esse equipamento.