Sobrinho de Suplicy foi sequestrado por suspeito de jogar esposa do 10° andar; entenda

Atualizado em 11 de dezembro de 2025 às 11:18
Alex Bispo e Eduardo Suplicy. Foto: reprodução

O homem suspeito de jogar a esposa do 10º andar de um prédio na zona sul de São Paulo já havia sido preso em 2003 por envolvimento no sequestro relâmpago do sobrinho do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP). A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, que destacou o histórico criminal de Alex Leandro Bispo dos Santos, de 40 anos, preso temporariamente na última quarta-feira (10) pela morte de Maria Katiane Gomes da Silva, de 25 anos. Imagens de câmeras de segurança mostram Alex agredindo a esposa momentos antes da queda.

Segundo o delegado Pietrantonio Minichillo, que conduz a investigação, Alex foi preso aos 18 anos por participação no sequestro de Roberto Calmon de Barros Barreto Filho. Na época, a imprensa noticiou que o jovem foi rendido por um casal armado na região dos Jardins.

A dupla usou o cartão da vítima para sacar dinheiro e fazer compras antes de ser abordada pela polícia. Alex foi detido em flagrante, enquanto a adolescente que o acompanhava foi encaminhada à antiga Febem.

“O crime foi descoberto quando o casal estacionou o Marea no Shopping Butantã. Enquanto Alex foi fazer compras com os cartões de crédito da vítima, a menina ficou no carro olhando o comerciante. Uma patrulha da Polícia Militar, porém, desconfiou e os abordou. A jovem tentou se passar por namorada do sequestrado, mas logo foi desmascarada. Em seguida, Alex foi preso saindo de uma loja do shopping”, diz a matéria do Diário do Grande ABC em 7 de outubro de 2003.

Feminicídio

As imagens obtidas pela polícia mostram Maria sendo agredida no estacionamento do prédio e, em seguida, dentro do elevador. Alex aparece puxando a esposa, desferindo socos e tentando agarrar seu pescoço enquanto ela tenta resistir. Após arrastá-la para fora do elevador, o casal desaparece do campo de visão. Um minuto depois, ele retorna sozinho, coloca as mãos na cabeça e se senta no chão. A discussão teria ocorrido por volta das 5h, após ambos retornarem de uma festa.

Maria foi encontrada morta em 29 de novembro. Inicialmente tratada como acidente, a morte passou a ser investigada como feminicídio após a análise das imagens. Alex nega o crime e afirmou em depoimento que a esposa teria se trancado no banheiro antes da queda.

“Ele arranca ela do elevador, praticamente arrastada, um minuto e meio antes da queda. É uma imagem muito contundente. Pouco depois, ela cai da sacada. A versão dele é de que estava no corredor perto do quarto e viu ela caminhando, quase correndo, para a sacada”, disse Minichillo.

Dinheiro da Prefeitura de São Paulo e filme de Bolsonaro

Alex foi beneficiado por um contrato milionário firmado entre sua empresa, a produtora executiva da cinebiografia de Jair Bolsonaro (PL), e a gestão de Ricardo Nunes (MDB) na Prefeitura de São Paulo.

Documentos obtidos por Demétrio Vechioli, do Metrópoles, revelam que Alex recebeu R$ 12 milhões do Instituto Conhecer Brasil (ICB), presidido por Karina Pereira da Gama, responsável pelo filme “Dark Horse”. A origem do repasse está em um contrato de R$ 108 milhões assinado pela prefeitura de São Paulo para instalar e manter 5 mil pontos de wi-fi gratuito em comunidades de baixa renda.

A assinatura do acordo inclui os nomes de Alex Bispo, de sua esposa, Maria Katiane Gomes da Silva, como testemunha, e de Karina Gama.

Segundo levantamento do The Intercept, o edital que escolheu o ICB tinha ao menos 20 irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Município, como critérios genéricos para a seleção de uma ONG para prestar um serviço técnico que poderia ser desempenhado pela Prodam, empresa municipal especializada no setor.

Os valores pagos pelo contrato chamaram atenção: enquanto a Prodam cobra R$ 306 por ponto de wi-fi, o ICB foi contratado por R$ 1.800 pela instalação e mais R$ 1.800 mensais pela manutenção. No entanto, os serviços não foram entregues na totalidade, embora as empresas já receberam os pagamentos.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.