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Sócios na empulhação: quem vai pagar a nova “parceria” do governo Temer com o MBL é você. Por Kiko Nogueira

“Quem é trouxa aqui levanta a mão”

 

Só um idiota pode se surpreender com a notícia de que o MBL foi convocado pelo governo Temer para ajudar a pensar em estratégias para comunicar as reformas da Previdência e do trabalho.

Só um imbecil pode achar isso vai dar certo.

O MBL está virtualmente morto, como o governo Temer. A última manifestação convocada pelos kataguiris tinha menos de mil pessoas na Paulista. É um caso de auto desmoralização.

Nesse sentido, é o casamento perfeito com uma gestão que, segundo o último Ibope, tem avaliação negativa em 41 grandes cidades pesquisadas.

Renan Santos, um dos 739 líderes da milícia, esteve com Moreira Franco — oficialmente secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, na vida real eminência parda e, segundo Cunha, “cérebro” de Temer.

Moreira, diz Mônica Bergamo, quer aproveitar a “expertise de mobilização, a sensibilidade, o fato de o MBL estar sentindo o pulso das ruas” para que eles ajudem a parte da comunicação e a mobilizar as redes sociais.

Renan afirma que não acha “má ideia”. Claro que não. O que o PMDB fará é continuar pagando suas contas, como sempre fez. Seja qual for o preço dessa ideia estúpida dos trapalhões do Planalto, vai sair do seu bolso.

O MBL enganou milhares de coxinhas que queriam ser enganados com uma conversa mole de que era “apartidário” e contra a corrupção. Nunca foi, mas foi vendido assim.

Renan está em casa na companhia dos gangsteres de Michel. Responde a 16 ações cíveis e 45 processos trabalhistas. A dívida na Justiça, de acordo com o Uol, é de R$ 4,9 milhões.

O grupelho está recomendando voto em 42 candidatos pelo Brasil: dez do DEM, dez do PSDB, mais alguns do PP, PTB e PMDB. Em junho, um coordenador do MBL no Espírito Santo, Bráulio Fazolo, deu uma entrevista a Marcos Sacramento, do DCM, contando como entrava a grana.

Alguns trechos:

“Uma coisa que eu quero que fique clara é que o movimento recebeu dinheiro do PMDB. Não só do PMDB mas de alguns outros partidos, mas vou citar o PMDB em especial porque o nome do partido foi falado internamente nas reuniões. É um assunto que a gente nunca levou para fora dos grupos internos, dos núcleos. O MBL tem vários grupos abertos para quem diz simpatizar com a causa, e essas situações não são levadas para esses grupos, são tratadas em grupos internos. Essa questão do PMDB ter destinado fundos para pixulecos, panfletos, movimentação de pessoas que foram a Brasília acompanhar o impeachment sempre foi tratada com bastante tranquilidade, porque eles passavam para a gente que o PMDB era uma peça fundamental no impeachment.

Houve manifestações que custaram uns 60 mil reais e a gente sabe que não eram recursos angariados entre os integrantes, que na maior parte da sua composição têm uma certa restrição financeira, não são pessoas ‘bem de vida’. Assim, a gente começou a cobrar transparência sobre esses recursos e isso era sempre desconversado nas reuniões.

Inclusive algumas pessoas que bateram, persistiram na tecla, nessa pauta, foram convidadas a sair do grupo, foram consideradas pessoas de esquerda. É um assunto que nunca foi tratado muito bem, mas a gente sabia que existia o dinheiro que vinha do PMDB, a gente não sabia quanto, da mão de quem ele vinha e como esse dinheiro estava sendo aplicado. Para onde ele estava indo? Como ele estava sendo movimentado, na conta de quem? Ficavam sempre perguntas sem resposta.

O MBL tinha uma estrutura montada, uma casa, o MBL não ficou acampado, as pessoas da coordenação não ficaram acampadas na votação do impeachment. A coordenação tinha um ‘QG’, uma casa que foi cedida por um deputado desconhecido, que a gente não sabe quem é, com carro disponível que levava e buscava as pessoas. (…)

Antes da votação houve um acampamento. Nessa época o MBL não tinha essa afinidade, esse encontro do MBL com o PMDB. Depois que o MBL chegou ao PMDB e o partido começou a ajudar, a estrutura do MBL deu uma mudada. Em Brasília havia um lugar pra ficar, carro para levar as pessoas, alimentação. Isso foi depois. O acampamento foi no começo das movimentações para abertura do processo. Na votação já tinha essa cooperação do PMDB com o movimento.”

 

Renan mesmo admitiu que eles eram sustentados por essa turma num áudio vazado (ouça abaixo). O que o governo Temer está fazendo agora é manter acesa a chama da relação com seus sócios.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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