Sônia Guajajara denuncia Bolsonaro por racismo: “Chega. Desde a campanha, ele nos agride”

Atualizado em 9 de setembro de 2020 às 16:50
Sonia Guajajara. Foto: Divulgação/Twitter

PUBLICADO NO CONJUR

POR RAFA SANTOS

A Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib) protocolou na Procuradoria Geral da República, nesta sexta-feira (24/1), uma representação por crime de racismo contra o presidente Jair Bolsonaro. A ação foi motivada pelas declarações dadas por ele nesta quinta-feira (23/1). Na ocasião, afirmou que “o índio tá evoluindo, cada vez mais é ser humano igual a nós”.

Em declaração à ConJur, a líder indígena e coordenadora-executiva da Apib, Sonia Guajajara, informou os motivos da representação.

“Chega de tantas afrontas desse governo! Não podemos naturalizar essas ofensivas. Desde a campanha, Bolsonaro nos insulta, nos agride. Sempre se referindo aos povos indígenas como não sujeitos de direitos, defendendo uma suposta autonomia, quando na verdade, seu objetivo é integrar todos num único modelo de sociedade. E, com isso negar um direito constitucional já estabelecido e que nos reconhece enquanto “povos indígenas” e cidadãos sujeito de direitos.”

O texto enviado à PGR lembra que não é a primeira vez que Bolsonaro se refere aos povos indígenas de maneira discriminatória. “Vale lembrar que palestra realizada no Clube Hebraica no Rio de Janeiro, em abril de 2017, ora Representado, em mais um discurso de ódio e de intolerância que tem marcado sua atuação, notadamente contra os direitos humanos, desferiu diversas ofensas contra os povos indígenas e comunidades quilombolas.”

A representação ainda afirma que “este discurso retrógrado de que os povos indígenas precisam ‘evoluir’ são manifestações que tendem legitimar violações ao seu modo de vida dos povos indígenas”.

O documento também pede que sejam adotadas as medidas cabíveis, e que a PGR oferte uma denúncia contra o presidente. Também é solicitado que o Ministério Público Federal avalia a possibilidade de propor uma ação de reparação moral por danos coletivos, em face da violação da dignidade dos povos indígenas do Brasil.