Soot: entenda o fenômeno que fará com que SP tenha chuva preta

Atualizado em 25 de agosto de 2024 às 12:04
Áreas de matas e canaviais na zona rural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, são atingidas por incêndio deste a última quinta-feira (22) – Foto: Joel Silva

São Paulo, neste fim de semana, enfrenta a chegada de uma frente fria, que pode trazer chuva para grande parte do estado, com precipitações mais intensas previstas para este domingo (25). Devido à alta concentração de material particulado das queimadas na atmosfera, é muito provável que ocorra chuva preta, ou seja, chuva com precipitação de soot, a fuligem resultante da combustão incompleta.

Onda de incêndios

São Paulo enfrenta uma onda de incêndios e queimadas sem precedentes desde que começaram as medições por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no final da década de 90. Os dados mostram uma situação extremamente grave e fora do comum. Somente na sexta-feira (23), foram registrados 1886 focos de calor, o dobro da média histórica para agosto, que é de 914 focos.

Entre os dias 22 e 23 de agosto, foram contabilizados 2316 focos de calor, representando 253% da média mensal de queimadas. Com esse número, São Paulo já acumulou 49743 focos de calor neste ano até agora, superando os totais de 2021, 2022 e 2023. A grande quantidade de fuligem no ar deixa a qualidade do ar ruim, aumentando a probabilidade de chuva preta.

O que é soot?

Soot, ou fuligem, é um material particulado composto principalmente de carbono, gerado pela combustão incompleta de materiais orgânicos, como carvão, petróleo e madeira. Essas partículas, muito pequenas, permanecem no ar por longos períodos e podem viajar grandes distâncias.

Presença de fumaça com poluição em SP – Foto: Reprodução

A fuligem e a chuva preta estão interligadas, especialmente em áreas urbanas e industriais. A chuva preta ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam na forma de chuva. Esse fenômeno é um sinal de altos níveis de poluição e pode afetar a qualidade da água e o meio ambiente.

Em áreas onde a chuva preta é comum, superfícies como piscinas e baldes podem ficar com água escura devido à precipitação de fuligem. A presença de fuligem na chuva é preocupante, pois pode prejudicar a água da chuva, tornando-a inadequada para consumo e irrigação, e afetar ecossistemas aquáticos e terrestres.

O carbono negro, um componente da fuligem, é um importante contribuinte para as mudanças climáticas. Ele absorve energia solar e pode aumentar o derretimento de geleiras ao escurecer a neve. Embora o carbono negro permaneça na atmosfera por um período mais curto do que o CO₂, seu impacto no aquecimento global é significativo.

Em São Paulo, a expectativa é que a chuva preta se manifeste em várias áreas, repetindo o que ocorreu em 2019 com a fumaça da Amazônia.