Sóstenes será apresentado aos marcianos como líder da direita. Por Moisés Mendes 

Atualizado em 26 de outubro de 2025 às 18:26
Sóstenes Cavalcante. Foto: Divulgação

A extrema direita brasileira desmoralizou até a história do marciano que chega à Terra e pede que o levem ao líder. No Brasil, o marciano chegaria com uma curiosidade e pediria para ser levado ao líder do bolsonarismo, e Nikolas Ferreira o encaminharia a Sóstenes Cavalcante.

Não há líderes nem no bolsonarismo nem na velha direita brasileira. O antigo líder por quatro anos, da velha e da nova direita, está preso em casa à espera da decisão do STF sobre o lugar em que ficará encarcerado.

Flavio Bolsonaro explicaria que Sóstenes é o único que tem líder antes do nome na extrema direita, por ser líder da bancada do PL na Câmara. O resto não lidera nada. Direita e extrema direita estão sem líder no Brasil.

O marciano, tentando ser esperto, perguntaria por Aécio, Zema, Temer, Caiado, Eduardo Cunha, Ciro Gomes. Nikolas, sempre o mais falante, diria que Ciro está de volta para liderar um projeto desenvolvimentista. Mas não é líder, há muito tempo é apenas um meme.

Até Malafaia tentou ser líder e se cacifar como candidato a presidente, mas não foi levado a sério nem pelos evangélicos. Michelle é influencer sob as ordens de Deus, mas não é líder. Eduardo é apenas um trapalhão.

Se Trump decidir falar com o líder da direita brasileira, depois de se livrar de Eduardo, terá que se entender com Sóstenes. Não tem saída.

Nem Ciro Nogueira, nem Valdemar Costa Neto, nem Gilberto Kassab, nenhum deles é líder. São operadores da direita, chefes de rebanhos, mobilizadores de quadros médios e de ações da direita, mas não são líderes.

Valdemar Costa Neto. Foto: Divulgação

Ninguém sabe quem é Ciro Nogueira em Cacequi. Nunca ouviram falar de Kassab em Pacajus. Nunca ficarão sabendo quem pode vir a ser Valdemar em Joselândia.

O marciano, mais ou menos informado, perguntaria então, como quem não quer nada, por Tarcísio de Freitas. E ficaria sabendo que esse não emplacou como líder. Por ser fraco, por fazer piada infantil com Coca-Cola e por ter medo de enfrentar Lula.

Os participantes da reunião com o marciano, que gostariam de não ser identificados, passariam a falar mal de Tarcísio e admitir: ele não tem condições.

Tarcísio quer ser um tocador de obras, de parcerias do público com o privado, e mandar matar bandido pobre e negro. Não é um líder. Se fosse, já teria convencido Bolsonaro e a direita de que tem condições de sucedê-lo.

O marciano diria que não quer se meter em questões internas do Brasil, mas deixaria uma sugestão. Se Lula é o grande líder brasileiro e se a direita não tem quem rivalize ele, que a direita se fortaleça como time, que tente se organizar pelo coletivo em torno de uma ideia.

E o marciano pediria então uma boa ideia, uma só, que pudesse juntar o centrão e o fascismo em torno do antilulismo, e a resposta seria essa: voltar a tentar aplicar um golpe.

O marciano iria embora na sua nave da Starship de Elon Musk (o que seria a surpresa da visita) e a história do marciano em busca do líder nunca mais seria repetida no Brasil.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/