STF adota cautela sobre prisão de Bolsonaro em meio a tensão com Trump

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 7:09
O ex-pesidente Jair Bolsonaro durante sessão de depoimentos dos réus pela trama golpista. O ministro Alexandre de Moraes, ao fundo, presidiu a audiência – Pedro Ladeira/Folhapress

Ministros do Supremo Tribunal Federal avaliam com cautela a possibilidade de decretar prisão preventiva contra Jair Bolsonaro. A tensão aumentou após o ministro Alexandre de Moraes ameaçar prendê-lo por descumprir medidas cautelares, como a proibição de conceder entrevistas, após fala no Congresso. Com informações da Folha.

No entanto, os alertas sobre impactos diplomáticos com os EUA levaram integrantes do STF a considerar a necessidade de evitar uma escalada da crise.

Políticos e empresários procuraram ministros para demonstrar preocupação com os efeitos de uma eventual prisão, especialmente diante das negociações com o governo Trump para tentar reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Além disso, o processo da trama golpista está em fase final, e alguns ministros consideram que não há motivo jurídico suficiente para nova detenção do ex-presidente.

Luiz Fux e Jair Bolsonaro. Foto: Agência Brasil

Embora a maioria do Supremo apoie as decisões de Moraes, como o uso da tornozeleira eletrônica, a medida que impediu Bolsonaro de dar entrevistas provocou desconforto. O ministro Luiz Fux, ao votar contra as cautelares, criticou a interferência norte-americana e destacou a necessidade de respeito à soberania nacional. A revogação de vistos de ministros por parte dos EUA também causou mal-estar, ainda que simbólico.

Internamente, ministros discutem alternativas para pacificar o ambiente, incluindo uma espécie de “pacto de silêncio” entre Bolsonaro e a corte.

O ex-presidente foi surpreendido por helicópteros e presença da imprensa na manhã de quarta (23), mas, ao longo do dia, aliados relataram distensão. Bolsonaro permaneceu na sede do PL, onde se comprometeu a cumprir as cautelares, ainda que seus aliados vejam a situação como uma prisão informal.

Segundo aliados, Bolsonaro já não apresenta sintomas físicos de estresse e tem evitado aparições públicas. Parlamentares próximos afirmam que ele só falará novamente com autorização judicial. A defesa ainda aguarda manifestação de Moraes sobre eventuais ajustes nas restrições, especialmente quanto ao direito de se manifestar publicamente.