STF dá aval a Alcolumbre para reduzir penas do 8/1, mas Centrão quer anistia a Bolsonaro

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 6:23
Davi Alcolumbre, presidente do Senado – Foto: Reprodução

O avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados no STF (Supremo Tribunal Federal) coincidiu com a pressão do Centrão pela anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou defender um projeto mais restrito, que apenas reduza penas dos condenados, sem incluir os principais articuladores. Já líderes do Centrão e da oposição defendem um texto amplo, que poderia livrar Bolsonaro de uma eventual prisão, embora mantendo sua inelegibilidade na Justiça Eleitoral.

Nos bastidores, ministros do Supremo consideram a proposta de Alcolumbre “mais palatável”, mas admitem que o ambiente político ganhou força para a anistia ampla após a movimentação do governador de SP, Tarcísio de Freitas (PL), em Brasília.

A avaliação é de que o governador busca consolidar sua candidatura presidencial de 2026 ao amarrar apoio do centrão e se credenciar como herdeiro do bolsonarismo. Ainda assim, há resistências tanto no Senado quanto no governo Lula, que considera a medida um risco de impunidade.

Segundo cálculos de líderes do Centrão, há cerca de 300 votos na Câmara favoráveis a uma anistia ampla, e o presidente da Casa, Hugo Motta, admitiu que pode pautar a votação após o julgamento, que termina no dia 12. A possibilidade de acordo político, com aval tácito de parte do STF, também circula no Congresso. Enquanto petistas e governistas prometem mobilizar a opinião pública contra a medida, a oposição afirma ter maioria para aprovar o requerimento de urgência já na próxima semana.

Hugo Motta, presidente da Câmara – Foto: Reprodução

O movimento expôs a divisão entre os Poderes. De um lado, Alcolumbre tenta articular um texto alternativo para evitar a inclusão de Bolsonaro; de outro, partidos como PL, PP, Republicanos, Novo e União Brasil defendem o perdão amplo – o PSD se declarou dividido, enquanto o PT classificou a proposta como erro político, atribuindo seu avanço à articulação de Tarcísio.

A pressão política aumentou após declaração do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que afirmou ser impossível discutir anistia antes do julgamento, mas que, após as condenações, a questão passa a ser política.

Na quarta-feira (3), Lula afirmou a integrantes da cúpula do União Brasil que é contra a anistia. Em reunião no Palácio da Alvorada, o presidente pediu empenho contra o projeto e disse que a medida equivaleria a uma rendição ao presidente dos EUA, Donald Trump, reforçando o discurso de que a anistia representaria impunidade aos golpistas.