
Durante sustentação oral no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista de 2022, o advogado Demóstenes Lázaro Xavier Torres fez uma declaração inusitada ao afirmar que “levaria cigarros para Bolsonaro em qualquer lugar”. A fala chamou atenção e foi criticada por internautas e juristas nas redes sociais.
Torres iniciou seu discurso dizendo ser possível “gostar do ministro Alexandre de Moraes e ao mesmo tempo gostar do ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Para justificar, contou um episódio pessoal ocorrido em um aeroporto de Brasília, quando encontrou Bolsonaro após deixar a política.
Segundo o advogado, o ex-presidente teria se aproximado, lhe dado um abraço e dito: “Senador, para mim não aconteceu nada”. A partir desse relato, Torres completou: “Então, se o Bolsonaro precisar de eu levar cigarro para ele em qualquer lugar, conte comigo.”
Rolando Lero Demóstenes Torres, sem nada importante para dizer na tribuna, afirma ser possível gostar de Moares e de Bolsonaro ao mesmo tempo e afirma que levará cigarros para Bolsonaro vcs. sabem onde. Um exemplo de como não fazer uma sustentação oral em lugar nenhum! pic.twitter.com/jsBkifdHIW
— Tânia Mandarino (@TaniaMandarino) September 2, 2025
A declaração foi feita na primeira sessão do julgamento de Jair Bolsonaro e outros oito réus acusados de tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e outros crimes. A Primeira Turma da Corte analisa a partir desta semana as acusações baseadas em provas apresentadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Cigarros, em ambientes penitenciários, são considerados como sendo moedas de trocas entre os presos. Na prática, o advogado já dá como certa a prisão do inelegível.
Demóstenes Torres, então senador por Goiás, foi cassado em 11 de julho de 2012 por quebra de decoro parlamentar, após vir à tona sua relação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal revelaram que o parlamentar atuava em favor dos interesses do empresário ligado ao jogo ilegal, o que levou o Senado a aprovar sua cassação por ampla maioria.