
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já esperam que os ataques vindos dos Estados Unidos e do Congresso brasileiro se intensifiquem nos próximos dois meses, à medida que se aproxima o julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete acusados de tentar um golpe de Estado. Para integrantes da Corte, o objetivo dessas ofensivas é impedir o avanço do processo, que pode levar à condenação dos réus.
Nos EUA, Donald Trump declarou que o ex-presidente é vítima de perseguição, e sua empresa, a Trump Media, junto com a Rumble, acionou a Justiça da Flórida contra o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de censura por decisões que bloquearam perfis de redes sociais. As empresas pediram a citação formal de Moraes no processo, o que aumentou a tensão institucional entre os países.
Em paralelo, o Congresso brasileiro também tem atuado para esvaziar o poder do STF. A principal estratégia é a tentativa de aprovar uma anistia para os condenados pelos atos golpistas. Outra movimentação envolve a retomada do chamado pacote anti-STF, que inclui a possibilidade de o Congresso suspender decisões da Corte com apoio de dois terços dos parlamentares.

Além disso, há projetos que tratam do impeachment de ministros do Supremo em casos de suposta invasão das competências do Legislativo, e a possível instalação de uma CPI do Judiciário
Esses movimentos são vistos dentro do tribunal como tentativas coordenadas de pressionar o STF às vésperas do julgamento do núcleo principal da trama golpista.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, segundo o Estadão, afirmou que não se intimida com as pressões externas.
Ele já determinou prazo de 45 dias para as alegações finais da Procuradoria-Geral da República e dos réus. Em seguida, pretende apresentar seu voto para julgamento na Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros.
O julgamento, ainda segundo o magistrado, deve ocorrer entre o fim de agosto e o início de setembro.