STF vê ataque de Tarcísio a Moraes como “desvario” e cobra retratação

Atualizado em 8 de setembro de 2025 às 23:42
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sério, segurando microfone, sem olhar para a câmera
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – Reprodução

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve procurar integrantes da Corte para explicar seu discurso feito na manifestação de 7 de setembro na avenida Paulista. Até esta segunda-feira (8), nenhum contato direto havia sido feito por parte do governador, apenas por interlocutores ligados a ele. Com informações do UOL e da Folha de S.Paulo.

No ato, Tarcísio fez duras críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro. O governador chamou o magistrado de “tirano” e defendeu uma anistia “ampla e irrestrita” que beneficie os condenados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao ouvir apoiadores gritarem “fora, Moraes”, reforçou os ataques, afirmando que o país não suporta mais a “tirania” dele.

As declarações provocaram reações imediatas. O decano Gilmar Mendes afirmou em rede social que crimes contra o Estado democrático não podem ser anistiados, enquanto Luís Roberto Barroso destacou que, diferentemente da ditadura, os julgamentos atuais são públicos e transparentes.

Ministros ouvidos reservadamente classificaram a fala de Tarcísio como calculada e politicamente radicalizada, apontando que ele busca retorno político para 2026, quando é cotado como candidato bolsonarista à Presidência. “É um desvario”, avaliou um entrevistado.

Um dos ministros avaliou que a mudança de tom aproxima Tarcísio do discurso do pastor Silas Malafaia, o que teria estremecido sua relação com o Supremo. Até então, ele mantinha trânsito na Corte, apesar das críticas que recebia de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros aliados do bolsonarismo. Outro ministro disse que chamar Moraes de tirano “passou do ponto” e não condiz com a postura de um governador de estado.

Aliados do governador afirmaram que ele se mostrou desconfortável com a repercussão negativa da fala. Um deles disse que subir o tom era esperado diante do julgamento de Bolsonaro, mas considerou que o ataque foi além do necessário. Apesar disso, defendem que Tarcísio precisava se posicionar politicamente diante dos apoiadores, negando que tenha cometido erros estratégicos.

No Supremo, a fala reacendeu o debate sobre propostas de anistia que tramitam no Congresso. Uma ala minoritária defende que o tribunal não deve interditar a discussão sobre o tema, enquanto outra parte considera que não há espaço para perdão aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

A expectativa de aliados é que Tarcísio busque contato com ministros em outro momento, evitando que um gesto imediato seja interpretado como recuo.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.