
A Suíça anunciou, neste domingo, 9, durante a COP30, em Belém, uma nova doação de 5 milhões de francos suíços, o equivalente a R$ 33 milhões, ao Fundo Amazônia, mecanismo gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Com esse novo aporte, o país dobra o valor total de suas contribuições, que agora ultrapassam R$ 60 milhões, reforçando a cooperação com o Brasil na agenda de conservação da floresta e de transição ecológica global.
O compromisso foi realizado no Museu Paraense Emílio Goeldi, durante o evento “Presença Suíça na COP30”, organizado pela Embaixada da Suíça no Brasil, pela Swissnex e pela Agência Suíça de Cooperação. Estiveram presentes a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco; a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello; o embaixador da Suíça no Brasil, Hanspeter Mock; e o embaixador suíço para o Meio Ambiente e chefe da delegação do país na COP30, Felix Wertli e a presidenta da Funai é Joenia Wapichana.
A nova contribuição da Suíça fortalece o Fundo Amazônia como o principal instrumento mundial de financiamento para ações de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). A parceria entre o Brasil e a Suíça no Fundo foi inaugurada em 2023, quando o país europeu realizou sua primeira doação, também no valor de 5 milhões de francos suíços.

Ao comentar a renovação da contribuição suíça, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o gesto reforça a confiança internacional no Brasil e na governança do Fundo Amazônia. Segundo ele, a cooperação amplia a capacidade do país de consolidar um novo modelo de desenvolvimento para a região.
“A nova contribuição da Suíça confirma que estamos no caminho certo. O Fundo Amazônia atingiu um patamar inédito: passamos de cerca de R$ 300 milhões anuais para mais de R$ 1,2 bilhão por ano em financiamentos, apoiando 650 instituições em 75% dos municípios da Amazônia. É uma prova de que resultados concretos geram confiança. Agora, o nosso desafio é transformar o arco do desmatamento no arco da restauração, com ciência, tecnologia, inclusão social e cooperação internacional. Proteger a Amazônia é proteger o futuro do planeta – e fazemos isso junto com quem acredita nessa agenda”, afirmou

A ministra Marina Silva celebrou o novo aporte ao Fundo Amazônia e pontuou que as doações ao mecanismo representam pagamentos por resultados alcançados no combate ao desmatamento. Ela destacou que neste ano, em comparação a 2022, o governo brasileiro obteve redução de 50% da supressão vegetal na Amazônia. “Toda vez que atingimos um bom resultado, conseguimos fazer a captação de recursos. Nestes três primeiros anos de governo do presidente Lula, evitamos lançar mais de 700 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera em função da redução do desmatamento na Amazônia e Cerrado”, afirmou. “Esses resultados são catalisadores de mais recursos, mas, sobretudo, de mais benefícios para os povos indígenas, comunidades tradicionais, a ciência, tecnologia e inovação e o desenvolvimento sustentável.”

“Por meio dessa parceria, apoiamos os esforços do Governo Federal para fortalecer a capacidade dos órgãos ambientais responsáveis pelo monitoramento, pela prevenção e pelo combate ao desmatamento ilegal, à degradação ambiental e aos incêndios florestais”, disse o embaixador Hanspeter Mock. Ele destacou ainda que “o Ministério do Meio Ambiente anunciou recentemente resultados impressionantes na redução do desmatamento na Amazônia, alcançando, no último ano, o terceiro menor índice já registrado na história da região. Sentimo-nos honrados em contribuir para esse avanço e em caminhar ao lado do Brasil nesse trabalho”, completou.
Desde 2008, o Fundo atua como referência em cooperação internacional para o clima, combinando proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida na região amazônica. A partir da retomada das doações, em 2023 – após quatro anos paralisado – o Fundo chegou a R$ 1,6 bilhão adicionais contratados e o número de doadores passou de três para nove. Nos seus 17 anos, o Fundo beneficiou cerca de 260 mil pessoas, por meio de mais 600 organizações comunitárias e apoiando 144 projetos.
Coordenado pelo MMA e operacionalizado pelo BNDES, o Fundo Amazônia, representa uma estratégia essencial para o alcance das metas climáticas brasileiras, contribuindo para os compromissos assumidos no Acordo de Paris e para os objetivos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
A Suíça se soma a um grupo de países doadores que inclui Alemanha, Noruega, Reino Unido, Dinamarca, Estados Unidos, Japão, Irlanda e União Europeia. Com a renovação do apoio suíço, o Fundo Amazônia reforça sua posição como modelo global de governança, transparência e resultados mensuráveis. Todos os dados sobre doações, contratos e desembolsos estão disponíveis publicamente na plataforma do Fundo, assegurando a rastreabilidade dos recursos e a credibilidade do mecanismo perante a comunidade internacional.
Fundo Amazônia em números:
Ano de criação: 2008
Gestão: BNDES, sob coordenação do MMA
Doações totais contratadas: cerca de R$ 5 bilhões até 2025
Principais doadores: Noruega, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Dinamarca, Suíça, Irlanda, Japão e União Europeia.
Projetos aprovados: 144
Municípios: mais de 300 em todos os 9 estados na Amazônia legal (+70 % dos municípios)
Pessoas beneficiadas: cerca de 260 mil
Organizações apoiadas: mais de 600, direta e indiretamente
Recursos contratados desde 2023: R$ 1,6 bilhão
Eixos de atuação: prevenção e combate ao desmatamento; bioeconomia e manejo florestal; ordenamento territorial e fortalecimento de comunidades tradicionais
BNDES na COP30 – Durante a COP30, o BNDES reafirma seu papel como agente da transição ecológica e climática do Brasil, apresentando uma agenda de lançamentos e parcerias estruturantes voltadas à restauração florestal, à bioeconomia e à inovação verde. Na Cúpula dos Líderes, o presidente do Banco, Aloizio Mercadante anunciou que o BNDES já mobilizou, desde 2023, cerca de R$ 7 bilhões em iniciativas de restauração ecológica e produtiva, manejo sustentável e desenvolvimento de cadeias de base florestal – o maior investimento da história do BNDES no setor.
Esses recursos financiam ações em todos os biomas e resultarão no plantio de 283 milhões de árvores, na recuperação de 168 mil hectares de áreas degradadas, na geração de 70 mil empregos e na captura de 54 milhões de toneladas de CO₂e – o equivalente a três anos sem carros em circulação na cidade de São Paulo.
Na Amazônia, o Arco da Restauração, lançado em parceria com o MMA, já mobilizou R$ 2,4 bilhões em ações de recomposição florestal. Entre essas iniciativas, o programa Restaura Amazônia destina R$ 500 milhões em recursos não reembolsáveis – R$ 450 milhões do Fundo Amazônia e R$ 50 milhões da Petrobras – para sistemas agroflorestais e restauração em nove unidades de conservação, 80 assentamentos e 39 terras indígenas.
O Banco também lançou a plataforma BNDES Florestas, que organiza e dá transparência às suas ações no setor, reunindo programas como Floresta Viva, Arco da Restauração, ProFloresta+, BNDES Florestas Inovação e BNDES Florestas Crédito, além das operações do Fundo Clima.
A estratégia florestal do BNDES integra toda a cadeia da restauração: viveiros abastecem projetos vizinhos, redes de sementes fornecem insumos e contratos de carbono garantem previsibilidade financeira. Esse modelo conecta dimensões climática, socioambiental e econômica, fortalecendo uma economia de baixo carbono baseada em soluções da natureza e na valorização da floresta em pé.
Casa BNDES na COP – Além de sua atuação técnica e financeira, o BNDES marca presença na COP com Casa BNDES, instalada no Complexo dos Mercedários, em Belém – um espaço de ciência, cultura e diálogo, que promove seminários, oficinas, festival de cinema (CineCOP), exposições, mostras audiovisuais e experiências imersivas sobre desenvolvimento sustentável e economia verde. O espaço abrigará a exposição inédita “Afluentes: caminhos e histórias do Fundo Amazônia”, que reúne vídeos e fotografias retratando experiências de projetos apoiados pelo Fundo ao longo de seus 17 anos. Com informações da Agência BNDES.
