
Em 18 de novembro de 1978, um dos eventos mais trágicos da história ocorreu em Jonestown, uma comuna fundada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular. Nesse dia, 918 pessoas perderam a vida em um misto de suicídio coletivo e assassinatos.
O projeto utópico de Jim Jones
O projeto de Jonestown teve início em 1956, no estado americano de Indiana. Jones promovia ideais igualitários e atraiu um grande número de seguidores, oferecendo curas “milagrosas” fraudulentas, impondo vestuário modesto para os frequentadores de cultos e distribuindo comida gratuita. Sua abordagem atraiu pessoas de diferentes origens raciais e sociais.
A mudança para a Califórnia e suspeitas crescentes
Nos anos 1960, o Templo Popular mudou-se para a Califórnia, em busca de um ambiente mais aberto aos ideais pregados por Jones. O movimento ganhou popularidade e atraiu a atenção dos poderosos, como a primeira-dama Rosalynn Carter. No entanto, a seita também despertou suspeitas e investigações da mídia americana devido a relatos de dissidentes sobre o estilo messiânico e ditatorial do pastor.
A busca por refúgio em Jonestown, na Guiana
Devido ao escrutínio crescente, Jones decidiu buscar refúgio na Guiana, onde obteve permissão para criar uma comuna isolada em 1974. Jonestown foi construída em meio à selva, com uma escola, bangalôs, pavilhão central e áreas para cultivo de alimentos. Os habitantes da comuna tinham apenas um rádio de ondas curtas como forma de contato com o mundo exterior.

Rumores de regime ditatorial e o “suicídio revolucionário”
Houve relatos de que Jones impunha um regime ditatorial em Jonestown, com punições severas e a presença de guardas armados para evitar fugas. O pastor também afirmava que os serviços de segurança americanos estavam conspirando contra Jonestown e que uma solução seria o “suicídio revolucionário”. Essa prática teria sido ensaiada em assembleias.
A visita do deputado Leo Ryan e o trágico desfecho
Em 1978, o deputado federal estadunidense Leo Ryan, preocupado com relatos de parentes de membros da comuna, viajou à Guiana com uma delegação para visitar Jonestown. Após negociações para entrar no local, a visita ocorreu em 17 de novembro. No dia seguinte, Ryan e mais quatro pessoas foram mortos a tiros em uma pista de pouso próxima ao assentamento. Poucas horas depois, ocorreu o suicídio coletivo.
O legado de Jonestown e as controvérsias atuais
Após o evento trágico, autoridades guianenses encontraram Jim Jones morto com um tiro na cabeça, em uma posição sugerindo suicídio. Dos habitantes de Jonestown, apenas 35 sobreviveram. Quatro décadas depois, a tragédia ainda provoca polêmica na Guiana. Alguns desejam que o local seja explorado como ponto turístico, semelhante aos antigos campos de concentração nazistas na Europa. No entanto, o governo guianense tem se recusado a considerar essa possibilidade.