Suicídio de soldado foi forjado para acobertar homicídio, revela investigação

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 8:43
Wenderson Nunes Otávio, conhecido no Exército como soldado Otávio. Foto: Reprodução

O Ministério Público Militar (MPM) do Rio de Janeiro concluiu que a morte do soldado Wenderson Nunes Otávio, de 19 anos, não foi suicídio, como inicialmente divulgado pelo Exército. A investigação, revelada pelo programa Fantástico, da TV Globo, aponta que o disparo na cabeça do militar foi feito por outro soldado durante uma brincadeira com uma arma de fogo dentro do alojamento.

Segundo a denúncia do MPM, o responsável pelo tiro foi o ex-soldado Jonas Gomes Figueira, do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. Wenderson foi atingido por uma bala que entrou na diagonal em seu crânio enquanto calçava um coturno, sentado.

Testemunhas relataram que Figueira costumava brincar com armas dentro do local de descanso dos militares — onde o uso é proibido. Um terceiro sargento também foi indiciado por não fiscalizar a presença de armamentos no alojamento.

Inicialmente, o Exército comunicou à família que Wenderson havia tirado a própria vida após um desentendimento com a namorada. No entanto, a jovem afirmou à reportagem que o relacionamento estava bem e negou qualquer crise que pudesse justificar o suicídio.

Fachada do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. Reprodução

Após o disparo, militares teriam sido instruídos a manter silêncio e, segundo relatos, um comandante do batalhão reuniu os soldados e determinou que a versão oficial seria suicídio.

Em nota, os advogados de Jonas Figueira afirmaram: “A defesa de Jonas Figueira se manifestou por nota e diz que recebe com tranquilidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar por suposta autoria atribuída a este no crime de homicídio qualificado e que entende que não há justa causa para a presente ação ou para uma futura condenação de Jonas pelos crimes que lhe são imputados”.

O Exército também se posicionou: “Desde o momento do ocorrido, todas as ações realizadas pelo Comando do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista foram pautadas pelo estrito cumprimento das normas e em rigorosa observância das atribuições relativas ao cargo do comandante”. O Centro de Comunicação Social afirmou ainda que o objetivo sempre foi “garantir a lisura do processo e minimizar a disseminação de informações inverídicas”.

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