Suplicy tem algumas coisas a ensinar ao Véio da Havan e a Silvio Santos sobre envelhecer. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 5 de junho de 2019 às 11:12
Suplicy, Silvio e Zé Celso

A definição de Hemingway para coragem — graça sob pressão — se aplica a Eduardo Suplicy num gesto heroico durante protesto na Câmara de São Paulo contra a reforma da Previdência municipal.

A audiência pública terminou com a expulsão de trabalhadores e aposentados do plenário pela tropa de choque da Guarda Civil Metropolitana.

Num determinado momento, Suplicy viu uma servidora cercada de policiais, que a encaminhavam para fora com violência.

Sem pestanejar, a retirou do meio deles no muque.

Aos 77 anos, Suplicy deu uma lição de hombridade.

A presença de espírito e o vigor são invejáveis (eu me lembro de vê-lo carregar uma pessoa nos ombros num tumulto na Paulista. Minha hérnia gemeu só de olhar).

Perdeu a corrida para o Senado, o que diz muito sobre o Brasil de hoje.

Cícero dizia que “os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons”.

No extremo oposto está Silvio Santos, outro velho que apenas piora num caso clássico de tiranete cercado de puxa sacos que não ousam dizer não a suas imbecilidades.

Silvio é um senhor de 88 anos que se orgulha da ignorância, dando vexames públicos que passam por idiossincrasia.

Bajulou todos os presidentes.

Com Jair Bolsonaro, caprichou: ressuscitou slogans da ditadura que serviam de trilha sonora para a repressão. Desistiu diante da repercussão.

Por trás disso está o dinheiro. Propaganda oficial e o que mais Bolsonaro puder facilitar para seus negócios.

Isso inclui, eventualmente, o complexo residencial que quer construir nos arredores do Teatro Oficina e que não sai do papel há 30 anos porque Zé Celso não é um canalha.

Silvio é movido a grana e vaidade. Acha que vai viver para sempre. 

Um anti modelo, rico e fanfarrão, orgulhoso de sua desinteligência.

Uma lição ambulante de como não viver seus últimos dias.