Suprema Corte pode barrar tarifaço e minar estratégia de Trump; entenda

Atualizado em 14 de setembro de 2025 às 9:39
Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

A principal aposta de Donald Trump para reduzir o déficit fiscal dos Estados Unidos pode ruir na Suprema Corte. As tarifas impostas pelo presidente a países como Brasil, China e Índia, responsáveis por reforçar a arrecadação do Tesouro, estão sob análise judicial, após uma corte de apelações questionar a legalidade do uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA).

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reconheceu o risco, mas afirmou estar confiante em uma decisão favorável.

Em 2025, as tarifas já somaram US$ 165 bilhões, quase US$ 95 bilhões a mais que no ano anterior, e poderiam alcançar uma taxa anualizada de US$ 300 bilhões. O objetivo do governo é reduzir os déficits dos atuais 6% do PIB para algo próximo a 3% na próxima década.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent – Foto: Reprodução

Se a Suprema Corte derrubar a medida, o Tesouro poderá ter de devolver parte significativa do valor arrecadado, o que colocaria pressão ainda maior nas contas públicas. O Budget Lab, da Universidade de Yale, estima que isso significaria perda de até US$ 1,5 trilhão em receitas na próxima década, enfraquecendo a estratégia fiscal de Trump.

O impasse já provoca incerteza no setor produtivo. Empresas americanas relatam dificuldade para lidar com as mudanças frequentes nas tarifas. “É a coisa mais irritante”, disse Elana Ruffman, executiva da hand2mind, que calcula ter pago mais de US$ 5,5 milhões em tarifas somente em 2025, contra US$ 2,3 milhões em todo o ano anterior.

Especialistas avaliam que, mesmo em caso de derrota, Trump poderia reconstruir parte da estrutura tarifária por meio de outras ferramentas legais, no entanto, analistas do mercado financeiro alertam que a possibilidade de reembolsos pesados pode abalar a confiança dos investidores e aumentar os custos da dívida americana.