Suspeita de falsificação em obra de Tarsila do Amaral expõe briga familiar por herança

Atualizado em 9 de abril de 2024 às 13:15
“Autorretrato com Flor Vermelha” de Tarsila do Amaral, de 1922. Foto: reprodução

Na última semana, uma pintura atribuída a Tarsila do Amaral, uma das mais valiosas artistas do modernismo brasileiro, gerou alvoroço ao ser apontada como falsa por especialistas. O episódio escancarou uma briga entre os herdeiros de Tarsila pelo patrimônio deixado após sua morte, em 1973.

A tela, representando uma paisagem brasileira típica da fase “Pau-Brasil” da artista, estava à venda por R$ 16 milhões na SP-Arte, principal feira de arte do país, porém não estava exposta ao público, mas sim guardada numa mala, o que aumentou ainda mais a controvérsia em torno dela.

O proprietário, um homem de 60 anos ligado à elite paulistana, não apresentou documentação sobre a história da obra, afirmando tê-la trazido recentemente do Líbano, onde estava com sua família nos últimos 50 anos.

Além disso, a tela, datada de 1925, não consta no catálogo raisonné de Tarsila, uma referência que reúne todos os 2.318 trabalhos conhecidos da artista. Entre as obras mais conhecidas da artista estão “Abaporu”, “A Cuca”, “Operários” e “A Negra”.

“Abaporu” é a obra mais famosa de Tarsila do Amaral. Foto: reprodução

Esse episódio ressalta a importância da certificação de obras de arte e levanta questões sobre o papel dos herdeiros na determinação da autenticidade das obras de Tarsila do Amaral, considerada uma das artistas mais valiosas do Brasil.

Após a morte da artista, seus sobrinhos-netos assumiram a administração do espólio, criando uma empresa para licenciar produtos e exposições relacionadas à obra de Tarsila. No entanto, divergências entre os herdeiros surgiram, especialmente após a venda de duas pinturas valiosas.

A discórdia entre os herdeiros se agravou com acusações de negligência na gestão financeira e concorrência desleal. Tarsilinha, uma das sobrinhas-netas, acabou deixando a empresa da família que é gerida por Paulo do Amaral Montenegro, Luís Paulo do Amaral, e Heitor do Amaral, sendo substituída por Paola Montenegro, filha de um dos sócios.

Essa empresa foi criada pelo trio para o gerenciamento dos produtos e exposições sobre a artista entre os 57 herdeiros de Tarsila. Enquanto as disputas internas continuam, a família busca estabelecer métodos mais rigorosos para certificar a autenticidade das obras da pintora.

Apesar das controvérsias, os herdeiros concordam sobre a importância de preservar o legado de Tarsila do Amaral e continuar promovendo sua obra, destacando seu papel como um ícone cultural brasileiro.

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