Suspeito de atentado em bairro judeu de Paris é declarado culpado quase 40 anos depois

Atualizado em 5 de dezembro de 2020 às 17:41
Ataque em 1982 ao restaurante Jo Goldenberg, no bairro parisiense do Marais, marcou a comunidade judaica na França e no exterior. JACQUES DEMARTHON / AFP

Publicado originalmente no RFI:

Um dos suspeitos do ataque contra a comunidade judaica em Paris em 1982 foi declarado culpado e colocado em prisão preventiva. Até hoje a justiça francesa tenta julgar os demais suspeitos desse atentado que aconteceu em uma região que se tornou um dos bairros mais turísticos da capital francesa.

Em 9 de agosto de 1982, ao meio-dia, um grupo de três a cinco homens atirou uma granada dentro do Jo Rosenberg, um restaurante emblemático do bairro parisiense do Marais, onde historicamente se concentra a comunidade judaica da capital francesa. Depois da explosão, dois deles entraram no estabelecimento e abriram fogo contra os cerca de 50 clientes que estavam no local.

O ataque durou três minutos e tirou a vida de seis pessoas e deixou outras 22 feridas, entre elas algumas que passavam pela rua. O atentado foi atribuído ao grupo palestino Fatah-Conselho Revolucionário de Abu Nidal, um dissidente da Organização para a Libertação da Palestina.

Walid Abdulrahman Abu Zayed, hoje com 62 anos e contra quem pesava um mandado de prisão emitido pela França em 2015, era um dos suspeitos de participação no ataque. Ele vivia na Noruega desde 1991, de onde foi extraditado na sexta-feira (4). O país escandinavo havia aprovado sua extradição em 27 de novembro.

A justiça francesa o acusa de ser “um dos atiradores no atentado”. O réu, que chegou à França na sexta-feira a bordo de um vôo da Air France vindo de Oslo, foi enviado para um centro de detenção administrativa.

No sábado, ele foi apresentado perante um juiz de investigação antiterrorista do tribunal de Paris, que o acusou de “assassinatos” e “tentativas de assassinato”. Ele também é acusado de “relação com uma empresa terrorista”. Mas esse agravante data de 1986, ou seja, quatro anos após os fatos, portanto não pode figurar entre as acusações anunciadas neste sábado. Abu Zayed foi colocado em seguida em prisão preventiva.

“Não gosto da França”

“Não gosto da França. Não quero ir para a prisão na França”, afirmou Abu Zayed, conhecido pelo nome de Osman na Noruega, que o naturalizou em 1997, ao tribunal norueguês em setembro. Ele se declara inocente, garantindo que estava em Monte Carlo no momento do ataque.

A justiça francesa também emitiu mais três mandados de prisão internacionais contra dois indivíduos que vivem na Jordânia e um terceiro na Cisjordânia, suspeitos de terem preparado ou participado do ataque.