São Paulo tem que ser devolvida aos cidadãos

Atualizado em 2 de abril de 2013 às 14:00

A cidade foi feita para carros e edifícios, e o Festival Baixo Centro quer mudar isso.
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Em sua segunda edição, o Festival Baixo Centro, um evento totalmente colaborativo e independente, reclama o direito ao uso do espaço público,  há muito foi tirado dos paulistanos. Seu principal objetivo é promover uma mudança da cultura da cidade, transformando o cinza em algo colorido.

São Paulo é uma cidade onde, espacialmente, o cidadão não tem vez. É uma cidade feita para os edifícios e para os carros. As pessoas estão relegadas a um segundo plano. Não têm direito a passear livremente pelas ruas ou a reunir-se com amigos em um local público. A cidade simplesmente não oferece essas possibilidades de vida ao ar livre. Essa falta de planejamento urbano voltado às pessoas, somada ao medo de sofrer violência e à poluição sonora e ambiental, faz com que os paulistanos não tenham muita opção a não ser eleger os locais fechados e privados da cidade como alternativa de entretenimento e encontros sociais. É por essa razão que os shopping centers se tornaram tão centrais no cotidiano dos paulistanos.

Essa questão e outras – como a emancipação do cidadão, no sentido de poder realizar encontros e ações culturais sem ter que esperar por um financiamento público ou um patrocínio de empresas privadas, que exigem, entre outras coisas, propaganda de sua marca em troca – são inerentes a esse Festival, impulsionado por um conjunto de atores sociais principalmente ligados à arte e à criatividade. É uma prova da importância da cultura para a sustentabilidade.

Feito, por tanto, por e para a sociedade civil, o Festival Baixo Centro promove atividades culturais como espetáculos de teatro, música, dança, além de vídeos, performances e oficinas de criatividade, em um ambiente de encontros, trocas e socialização. O fato, ademais, de acontecer em uma região degradada da cidade chama a atenção para o descaso dos governos e convoca a população a despertar para a ação, lembrando que o coletivo tem grande poder de realização, e não precisa depender de outras entidades ou organismos estabelecidos.

A edição 2013 do Festival acontece entre os dias 05 e 14 de abril. Mesmo sem pagar cachê para os artistas, pois a proposta é mesmo essa de que cada um colabore voluntariamente com o que pode ou sabe fazer, já conta com mais de 530 projetos inscritos. Um deles, por exemplo, é a Feira Freegan (dia 07/04), um projeto que se propõe a informar o papel da comunidade na preservação ambiental, melhorando a sua relação com a natureza, através da apresentação de soluções diárias de reutilização e conservação de alimentos, atenção para as redes e conexões que se desenvolvem no contexto local, além de aprofundar seus conhecimentos sobre gastronomia e no tratamento e consumo do alimento. Outro projeto interessante é o Ônibus Hacker (dia 05/04), um laboratório sobre quatro rodas no qual hackers de todo tipo embarcam por um desejo comum: ocupar cidades brasileiras com ações políticas. Por fim, o Baile da Mundança (dia 14/04) convida o público a dançar utilizando caixas de papelão preparadas para que em seu interior se projetem imagens em câmera obscura.

Para conseguir organizar um mínimo de infraestrutura, os propulsores do evento solicitam colaboração voluntária em dinheiro através do microfinanciamento. Por esse sistema presente em diversos países internacionalmente, que facilita a realização de projetos a partir da formação de um coletivo de apoiadores interessados, qualquer pessoa pode contribuir de maneira simples e de acordo com as suas possibilidades. No Brasil, uma dessas plataformas de microfinanciamento é o  Catarse, na qual o Festival Baixo Centro está  inscrito.

Os interessados em contribuir ou conhecer melhor a proposta podem faze-lo a través do link.

A programação completa já está disponível no blog do evento.  Se quiser conferir o vídeo com imagens da edição anterior.

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