Tabata Amaral é a grande vencedora da eleição para o Conselho Tutelar em SP; entenda

A namorada do prefeito de Recife e pupila de Lemann divide com os evangélicos os méritos pela vitória na eleição do Conselho da Criança e do Adolescente no principal colégio eleitoral do país

Atualizado em 4 de outubro de 2023 às 23:30
Tabata Amaral
Limpinha

“Perdemos tudo”.

A frase entre aspas, que funciona como título numa lista que circula em grupos de WhatsApp, resume para o campo progressista a eleição do Conselho Tutelar da Criança e dos Adolescentes na cidade de São Paulo, neste domingo, 1o de outubro.

A um ano da eleição que vai renovar os quadros de prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios, a esquerda perde a hegemonia na principal cidade do país num espaço de poder que sempre dominou.

Dos 52 Conselhos da capital (cada um com 5 representantes eleitos para um mandato de 4 anos), os conservadores, a maioria ligados a setores evangélicos, venceram em 18: Capão Redondo, Cidade Ademar, Itaquera, Jd Helena, Lageado, Grajaú I, Parelheiros, Penha, Jaçanã, Moóca, Santana, Pedreira, São Mateus, São Miguel, São Rafael, Tremembé, Campo Limpo e M’Boi Mirim.

O campo progressista ganhou em seis distritos: Sé, Lapa, Pinheiros, Butantã, Vila Mariana, Vila Prudente, ficando com maioria em dois, Cidade Tiradentes II, Itaim Paulista, enquanto os representantes da direita terão o domímio em 6: Bela Vista, Ermelino Matarazzo, Vila Curuçá, Cidade Tiradentes I, Rio Pequeno e Santo Amaro.

Muitos atribuem o avanço das igrejas na eleição dos Conselhos ao fato do órgão trabalhar com temas relacionados ao universo infantojuvenil.

A crise econômica, e a incerteza das relações trabalhistas atuais, porém, são apontadas como o elemento central dessa iniciativa: em todo o país, os eleitos são remunerados, com salários que variam entre R$ 4,1 mil e R$ 6,3 mil em cidades como São Paulo e Brasília, respectivamente.

Na capital paulista, 1.240 candidatos concorreram para 260 vagas. Um número recorde de 202,2 mil pessoas compareceu às urnas — 35% a mais do que no último pleito, em 2019.

Inevitável relacionar o desempenho do pleito com o processo eleitoral do ano que vem.

Além da Igreja Universal, que controla o Republicanos, através do deputado Marcos Pereira, presidente do partido e homem de confiança do bispo Edir Macedo, Tabata Amaral também é vista como vitoriosa.

A deputada, pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, tem trabalho intenso com movimentos de bairros de periferia, gente que se apoia na meritocracia vendida por gurus como Jorge Paulo Lemann, financiador da representante do PSB, para ascender economicamente.

Lideranças avaliam que Tabata controla boa parte dos conselheiros de direita, dividindo essa supremacia com os grupos religiosos.

“Ela é a novidade que está despontando para o ano que vem”, aposta um líder popular da zona Sul em conversa com o DCM. “Fala bem, circula com desenvoltura nos bairros, e é limpinha”.

O Datafolha mostra que a parlamentar figura em 3o lugar na corrida para a prefeitura, com 11% das intenções, atrás do prefeito Ricardo Nunes (24%) e do lider Guilherme Boulos, com 32%.

Considerando que a cidade, maior colégio eleitoral do país, tem 9.314.259 milhões de eleitores, Tábata inicia a corrida eleitoral com uma sacola de 1 milhão de votos nas costas.

“Se continuar assim chega fácil aos 2 milhões e, no mínimo, vai fazer uma grande bancada de vereadores”, segue o líder popular e fonte do DCM. “Para alguém que vai para sua terceira eleição (elegeu-se deputada por duas vezes) não é pouca coisa”.

No campo da esquerda, o fracasso nas urnas soou como inesperado, a exemplo do primeiro turno da eleição nacional em 2022, quando a direita venceu em todo o país, deixando para um isolado Lula, na unha, a incumbéncia de enfrentar e derrotar o fascismo incorporado pelo ex-presidente Bolsonaro.

Enquanto lambe as feridas, entre acuada e sem rumo, a esquerda tenta entender os motivos de perder espaço também num campo em que sempre teve presença marcante.

Comemorando estão a direita liderada por pastores e defensores da moral e dos bons costumes e a namorada de João Campos e pupila do espertalhão que quebrou as Casas Americanas, deixando um rastro de prejuízos sem precedentes na chamada iniciativa privada.

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