
O lobby surtiu efeito: o Centrão passou a ver o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como “candidatíssimo” à Presidência da República em 2026, após sua atuação contra a Medida Provisória (MP) que elevava tributos e ajudaria o governo Lula (PT) a arrecadar cerca de R$ 17 bilhões, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.
Apesar de ter afirmado publicamente que não interferiu na votação, Tarcísio foi apontado por líderes partidários como um dos principais articuladores da derrota da proposta no Congresso Nacional.
A MP era uma alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas acabou derrubada com ampla mobilização de partidos do centro e da direita.
Telefonemas estratégicos e articulação silenciosa
Escalado pelo próprio PL de Jair Bolsonaro, Tarcísio não participou diretamente das negociações no plenário, mas fez ligações estratégicas a presidentes de partidos para pedir que votassem contra a medida.
Sóstenes agradece Tarcísio por empenho em derrotar a MP dos Impostos. DETALHE: governador nega que tenha ajudado e diz que está focado em SP. Veja o vídeo e leia a matéria no link abaixo:https://t.co/4GQoXVzc0F pic.twitter.com/wnZfinSnea
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) October 8, 2025
De acordo com pelo menos dois dirigentes partidários, Tarcísio apresentou argumentos técnicos e políticos contra a MP e se mostrou preocupado com os impactos da medida sobre o setor produtivo. Ainda assim, o governador evitou assumir publicamente a articulação, afirmando que não poderia passar a imagem de que estaria abandonando São Paulo para se envolver em disputas nacionais.
Tarcísio evita nacionalizar imagem
Segundo interlocutores, o governador tem dito a aliados que não quer ser visto como alguém que deixou o estado para tratar de temas federais, já que o eleitorado paulista é considerado “bairrista”.
Tarcísio tem ressaltado o peso do colégio eleitoral de São Paulo e o risco de perder milhões de votos se for percebido como ausente. Essa postura de equilíbrio — agindo nos bastidores e mantendo discurso estadual — foi interpretada por líderes do Centrão como um movimento calculado de quem planeja 2026.
Após o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), citar seu envolvimento contra a proposta, Tarcísio reagiu afirmando que o governo Lula estava “antecipando as eleições” ao tentar politizar o tema.
O governador disse que segue focado em sua agenda no estado e acusou o Planalto de agir em clima de “vale tudo”.
A estratégia dupla de Tarcísio — trabalhar nos bastidores para derrotar a MP e, ao mesmo tempo, negar envolvimento público — consolidou, na avaliação de líderes do Centrão, a percepção de que ele está mais candidato do que nunca.