Tarcísio age como lobista dos bilionários e vira aposta do Centrão para 2026

Atualizado em 9 de outubro de 2025 às 12:15
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

O lobby surtiu efeito: o Centrão passou a ver o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como “candidatíssimo” à Presidência da República em 2026, após sua atuação contra a Medida Provisória (MP) que elevava tributos e ajudaria o governo Lula (PT) a arrecadar cerca de R$ 17 bilhões, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.

Apesar de ter afirmado publicamente que não interferiu na votação, Tarcísio foi apontado por líderes partidários como um dos principais articuladores da derrota da proposta no Congresso Nacional.

A MP era uma alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas acabou derrubada com ampla mobilização de partidos do centro e da direita.

Telefonemas estratégicos e articulação silenciosa

Escalado pelo próprio PL de Jair Bolsonaro, Tarcísio não participou diretamente das negociações no plenário, mas fez ligações estratégicas a presidentes de partidos para pedir que votassem contra a medida.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, chegou a agradecer publicamente ao governador, dizendo que ele foi um “gigante no diálogo com os presidentes de partidos de centro”.

De acordo com pelo menos dois dirigentes partidários, Tarcísio apresentou argumentos técnicos e políticos contra a MP e se mostrou preocupado com os impactos da medida sobre o setor produtivo. Ainda assim, o governador evitou assumir publicamente a articulação, afirmando que não poderia passar a imagem de que estaria abandonando São Paulo para se envolver em disputas nacionais.

Tarcísio evita nacionalizar imagem

Segundo interlocutores, o governador tem dito a aliados que não quer ser visto como alguém que deixou o estado para tratar de temas federais, já que o eleitorado paulista é considerado “bairrista”.

Tarcísio tem ressaltado o peso do colégio eleitoral de São Paulo e o risco de perder milhões de votos se for percebido como ausente. Essa postura de equilíbrio — agindo nos bastidores e mantendo discurso estadual — foi interpretada por líderes do Centrão como um movimento calculado de quem planeja 2026.

Após o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), citar seu envolvimento contra a proposta, Tarcísio reagiu afirmando que o governo Lula estava “antecipando as eleições” ao tentar politizar o tema.

O governador disse que segue focado em sua agenda no estado e acusou o Planalto de agir em clima de “vale tudo”.

A estratégia dupla de Tarcísio — trabalhar nos bastidores para derrotar a MP e, ao mesmo tempo, negar envolvimento público — consolidou, na avaliação de líderes do Centrão, a percepção de que ele está mais candidato do que nunca.