Tarcísio é chamado pela CPI do Crime Organizado por governar o berço do PCC

Atualizado em 4 de novembro de 2025 às 14:09
Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Alessandro Vieira (MDB-SE), presidente e relator da CPI do Crime Organizado, conversam com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo. Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

A CPI do Crime Organizado aprovou nesta terça (4) o plano de trabalho do relator Alessandro Vieira (MDB-SE) e decidiu convidar dois ministros do governo Lula, além de 11 governadores, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ). A comissão quer investigar a estrutura e o avanço de facções como o PCC e o Comando Vermelho, apontando responsabilidades nas políticas estaduais e federais de segurança pública.

A CPI foi instalada no Senado com vitória do governo, após Fabiano Contarato (PT-ES) ser eleito presidente por 6 votos a 5, derrotando o oposicionista Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que ficou com a vice-presidência. Vieira, delegado e aliado do Planalto, ficou com a relatoria. A base governista tenta usar o colegiado para debater o combate ao crime sem o viés punitivista defendido pela oposição.

Foram aprovados convites para que governadores e secretários de segurança compareçam à CPI. Entre os chamados estão Clécio Luís (AP), Jerônimo Rodrigues (BA), Raquel Lyra (PE), Elmano de Freitas (CE) e Paulo Dantas (AL), de estados considerados menos seguros.

Também foram incluídos Jorginho Melo (SC), Ratinho Jr. (PR), Eduardo Leite (RS) e Ibaneis Rocha (DF), de estados com melhores índices de segurança, além de Tarcísio e Castro, por governarem territórios de origem das principais facções.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e José Múcio (Defesa) também deverão prestar esclarecimentos, assim como o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passo Rodrigues, e o chefe da Abin, Luiz Fernando Corrêa. O relator quer apurar o papel de cada esfera de poder no enfrentamento das organizações criminosas.

A CPI ainda convidará jornalistas, pesquisadores e especialistas em segurança pública, incluindo Josmar Josino (UOL), Rafael Soares (O Globo), Cecília Olliveira (Instituto Fogo Cruzado), Bruno Paes Manso (USP), Alan de Abreu (Piauí) e Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope. A intenção é discutir a expansão das facções e o impacto social da criminalidade organizada.

Com duração inicial de 120 dias, prorrogáveis por mais 60, a CPI vai mapear o funcionamento e as fontes de financiamento das facções, além de propor medidas legais para enfraquecer suas estruturas. O foco principal será o PCC e o Comando Vermelho, mas também estão na mira milícias e redes de lavagem de dinheiro que atuam em todo o país.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.