
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está decidido a reforçar sua aliança com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição na capital, mesmo após receber conselhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser cauteloso com essa associação.
Segundo fontes próximas, Bolsonaro teria alertado Tarcísio de que, caso a campanha de Nunes não obtenha sucesso, a imagem do governador também poderia ser prejudicada. Apesar disso, ele afirmou nesta terça-feira (9) que intensificará as agendas ao lado do prefeito, destacando a importância da parceria entre o governo do estado e a prefeitura.
“Vamos intensificar sim, para mostrar a importância da parceria do governo do estado com a prefeitura. Não é possível resolver problemas em uma cidade com 12 milhões de habitantes sem uma parceria dessas”, disse Tarcísio a jornalistas, confirmando seu compromisso com a campanha de Nunes.
A decisão de Tarcísio contrasta com a postura mais hesitante de Bolsonaro, que apesar de apoiar Nunes, não se envolveu profundamente na campanha dele. Recentemente, o ex-presidente manifestou preocupação com a rejeição do emedebista entre o eleitorado bolsonarista, especialmente após o crescimento da candidatura de Pablo Marçal (PRTB), que vem ganhando força entre os eleitores de extrema-direita.
Essa situação tem gerado críticas nas redes sociais, tanto para Nunes quanto para Tarcísio, por parte de seguidores de Bolsonaro.

Ainda assim, Tarcísio planeja reforçar a presença conjunta em eventos e materiais de campanha, além de intensificar o diálogo com sua base eleitoral. Ele também destacou que conversará com Bolsonaro para organizar uma agenda pública e a gravação de programas eleitorais em apoio a Nunes.
Em uma inserção recente na televisão e nas redes sociais, o governador enviou um recado direto aos conservadores, defendendo que Nunes é “contra a ideologia de gênero, contra a liberação das drogas, contra a doutrinação das escolas e a favor da vida desde a concepção”.
Nos bastidores, o Tarcísio tem acompanhado de perto as pesquisas internas, que indicam que Guilherme Boulos (PSOL) já estaria garantido no segundo turno, enquanto Marçal e Nunes disputam a segunda vaga. Tarcísio está empenhado em convencer tanto o eleitorado quanto os líderes bolsonaristas de que o prefeito é a melhor opção para enfrentar o candidato da esquerda no segundo turno.
Uma pesquisa Quaest divulgada recentemente mostrou que, em um eventual segundo turno, Nunes venceria Boulos com 46% dos votos, enquanto Marçal empataria com o candidato do PSOL, ambos com 38%.
Outro fator que motiva o apoio de Tarcísio a Nunes é a preocupação com um possível governo de Marçal na capital paulista. O governador acredita que seria difícil estabelecer parcerias entre o estado e a prefeitura caso Marçal seja eleito, o que poderia impactar negativamente a gestão estadual.
Em conversas com aliados, ele destacou que projetos propostos por Marçal, como o teleférico, são inviáveis e que o candidato não possui experiência em gestão pública.