Tarcísio passa pano para Trump e culpa o Brasil: “Agredimos um parceiro histórico”

Atualizado em 8 de agosto de 2025 às 7:58
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com boné do movimento “MAGA”, de Donald Trump. Foto: Reprodução

Enquanto os Estados Unidos de Donald Trump impõem tarifas de 50% contra produtos brasileiros, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu mirar suas críticas… no Brasil. Em vez de defender o país ou cobrar reciprocidade diante de um ataque econômico direto, preferiu ecoar o discurso de submissão: segundo ele, foi o Brasil quem “agrediu” os EUA, nosso “parceiro histórico”.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (7), após reunião com outros governadores da oposição na casa de Ibaneis Rocha (MDB), no Distrito Federal. Para Tarcísio, a tensão com os EUA representa uma “marcha da insensatez” — não por parte de Trump, mas do próprio governo brasileiro.

É o mundo ao avesso: a maior potência do planeta impõe tarifas abusivas, escancaradamente retaliatórias, e quem leva o carimbo de imprudente é o país que sofre o golpe. No universo paralelo de Tarcísio, a culpa é do agredido.

Segundo ele, o país “tomou um caminho muito ruim”, sem mencionar que esse caminho é o de tentar proteger sua indústria nacional e diversificar relações comerciais. Para o governador paulista, o problema não está no tarifaço de Trump, mas na ausência de “datas, prazos e ações concretas” por parte do Planalto.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Subserviência como política externa

A fala de Tarcísio expõe a velha postura colonizada de parte da elite política brasileira: diante de qualquer conflito com os EUA, a única atitude aceitável seria abaixar a cabeça. Questionar tarifas? Responder com medidas equivalentes? Nem pensar. Tarcísio quer harmonia institucional — desde que ela sirva para manter o Brasil ajoelhado diante de Washington.

“Todo o setor produtivo está inquieto”, disse o governador, como se isso bastasse para justificar a rendição diplomática. Inquieto, sim — mas porque a ofensiva partiu dos Estados Unidos. O silêncio de Tarcísio sobre essa origem não é acidente: é cumplicidade.

Bancada da capitulação

Na reunião, estavam também os governadores Ronaldo Caiado (GO), Jorginho Mello (SC), Claudio Castro (RJ), Mauro Mendes (MT), Romeu Zema (MG), Ratinho Jr. (PR) e Wilson Lima (AM). Todos saíram em coro, criticando o governo federal por “não agir”. Nenhuma palavra crítica, porém, contra o governo Trump e seu protecionismo beligerante.

É esse o retrato da oposição que se diz preocupada com o Brasil: incapaz de defender o país em um embate internacional, mas sempre pronta para atacar o próprio povo em nome da velha lealdade aos interesses norte-americanos. Se há uma marcha da insensatez, é a desses políticos que preferem denunciar o próprio país a contrariar Washington.