Tarcísio precisa ser investigado por atuar para livrar Bolsonaro da cadeia

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 8:48
O ex-presidente Jair Bolsonaro, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas – Foto: Reprodução

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem se colocado na linha de frente da articulação pela anistia que pode beneficiar Jair Bolsonaro, condenado no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. Nas últimas semanas, Tarcísio viajou a Brasília com frequência incomum, deixando claro que seu empenho vai muito além de compromissos administrativos: trata-se de um movimento político direto para garantir a liberdade de Bolsonaro.

Um governador em pleno exercício do cargo, custeado pelo erário, pode dedicar tanto tempo e energia a salvar um aliado político investigado e prestes a ser condenado? Mais do que uma escolha de posicionamento, trata-se de uma interferência em decisões que cabem ao Judiciário e ao Congresso. É nesse ponto que surge a necessidade de investigação.

Não é aceitável que Tarcísio use sua posição institucional para funcionar como fiador de um projeto que tem como objetivo central livrar da prisão o ex-presidente acusado de atentar contra a democracia. O Republicanos, seu partido, inicialmente resistia à anistia, mas a pressão do governador foi suficiente para mudar a linha política da legenda.

Ao mesmo tempo, Tarcísio intensificou encontros com figuras estratégicas — do presidente da Câmara, Hugo Motta, até líderes do PL, como Sóstenes Cavalcante, e aliados de peso como Silas Malafaia, ele próprio alvo de investigação no STF.

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados – Foto: Reprodução

Os fatos revelam um padrão: Tarcísio atua deliberadamente para influenciar o trâmite de uma proposta legislativa que, segundo os próprios articuladores do PL, tem como prioridade tirar Bolsonaro da cadeia. Isso significa colocar o poder de um governador a serviço de interesses pessoais e eleitorais, já que o movimento fortalece sua posição como provável candidato à Presidência em 2026.

Por isso, é legítimo e necessário que se investigue a conduta de Tarcísio de Freitas. Há indícios de abuso político, desvio de finalidade e até favorecimento pessoal, já que Bolsonaro é não só seu aliado, mas também a principal liderança capaz de transferir votos à sua candidatura. A democracia não pode aceitar que governadores transformem seus mandatos em escritórios de advocacia informal para condenados por tentativa de golpe.