Tarcísio procura ministros do STF para discutir anistia

Atualizado em 3 de setembro de 2025 às 15:01
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foto: Fabio Rodrigues/Agência Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificou as articulações em defesa da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Além de buscar apoio entre parlamentares, ele tem procurado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir caminhos jurídicos que viabilizem a medida, inclusive com a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo ministros e interlocutores ouvidos pelo jornal O Globo, a iniciativa de Tarcísio parte da avaliação de aliados de Bolsonaro de que o STF pode declarar inconstitucional qualquer projeto de anistia aprovado pelo Congresso. O objetivo seria, portanto, sondar os magistrados e medir o espaço político e jurídico para avançar com a proposta.

Na terça (2), Tarcísio esteve em Brasília para reuniões com os presidentes da Câmara e do Senado, além de líderes partidários do PP, União Brasil e PSD. O governador tenta articular apoio político e mapear as chances de votação da anistia. Antes de retornar a São Paulo nesta quarta (3), ele ainda aguardava encontro com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Os dois já haviam conversado por telefone no início da semana, quando trataram superficialmente do tema. Na ocasião, Motta não se comprometeu, mas depois admitiu que a proposta “ganhou tração” entre líderes partidários e pode ser levada à votação após o julgamento de Bolsonaro.

À noite, Tarcísio receberá no Palácio dos Bandeirantes o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), para alinhar estratégias tanto sobre a anistia quanto sobre a agenda do 7 de setembro.

Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Foto: Andre Penner/AP

Aliados do governador destacam que o movimento tem relação direta com a eleição presidencial de 2026. Tarcísio é visto pelo Centrão como nome competitivo contra Lula, mas enfrenta desconfianças no entorno de Bolsonaro, que cobra maior engajamento em pautas centrais do bolsonarismo. Nesse cenário, a defesa da anistia se tornou um teste de fidelidade.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou que apresentará um texto alternativo ao projeto em discussão na Câmara. Ele pretende liderar a tramitação da proposta na Casa, mas é contra a versão que prevê benefícios diretos a Bolsonaro. Nos bastidores, a leitura é de que uma anistia irrestrita dificilmente passaria no Congresso ou teria respaldo no STF.

Entre aliados, há leituras distintas sobre o impacto político da atuação de Tarcísio. “Houve uma virada de chave por conta do julgamento. O governador continua com os mesmos princípios e valores e um desses princípios é o apaziguamento”, disse o deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP).

Já o vereador Adrilles Jorge (União-SP) avalia que Tarcísio demorou a agir: “Fica parecendo que é realmente uma estratégia política. Tarcísio demorou demais, já tinha que ter agido há muito tempo”.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.