Tarcísio quebra promessa feita a família de PM morto: “Nunca mais o vimos”

Atualizado em 25 de julho de 2024 às 16:58
Patrick Bastos Reis era soldado da Rota. Foto: reprodução

A corretora Cláudia Reis, 54, ainda sofre com a perda de seu único filho, o soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30, morto em patrulhamento em Guarujá em julho de 2023. Um ano após a tragédia, Cláudia e seu marido, Carlos Reis, 56, enfrentam dificuldades financeiras e emocionais, vivendo de favor na casa do ex-sogro do policial em uma cidade do interior de São Paulo.

Em entrevista à Folha, Cláudia contou que durante o enterro de seu filho, recebeu do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), uma promessa de ajuda, mas o suporte não veio. “Procurei ele no Instagram. Enviei mensagens no direct [privadas], mas não tive retorno”, relatou. Ela também tentou, sem sucesso, contato com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

A notícia da morte chegou à família enquanto estavam a 600 km da capital. O transporte até São Paulo foi organizado pelo prefeito da cidade, ex-sogro do PM Reis, após falhas no suporte prometido pela PM. “No dia do enterro, o governador prometeu que não nos desampararia. E naquele dia foi a última vez que eu tive notícia dele”, afirmou a mãe de Patrick.

Cláudia também ficou chateada com a imposição do local do enterro. Ela queria que Patrick fosse sepultado em Santa Maria (RS), ao lado do avô, mas foi informada de que o sepultamento deveria ocorrer no mausoléu da PM no cemitério do Araçá, em São Paulo. Descobriu depois que isso não era obrigatório. “Eu tive que chorar, implorar para escolher a foto da lápide dele, porque nem isso queriam me deixar escolher.”

A morte de Patrick desencadeou a Operação Escudo na Baixada Santista, resultando em 28 mortes em 40 dias e a Operação Verão, ainda mais fatal, com 56 mortes em 58 dias. Em 2024, o número de mortes causadas pela PM quase dobrou no primeiro semestre em relação a 2023. “Eu sou contra, principalmente eles terem usado o nome do meu filho para aquilo. Porque atribuíram a Operação Escudo ao nome do meu filho”, lamentou Cláudia.

Soldado Patrick Bastos Reis posa para foto ao lado dos pais, Cláudia e Carlos. Foto: reprodução

Nenhuma entidade de direitos humanos os procurou após a morte de Patrick. Os pais do policial, ambos autônomos, têm uma renda de cerca de R$ 1.600 por mês. A nora, esposa de Patrick, ficou com a indenização e os R$ 100 mil doados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sem repassar nada a Cláudia e Carlos. “Eu só fui pedir ajuda porque nós realmente precisávamos. O meu marido entrou numa depressão tão profunda que eu achei que fosse perder ele também”, afirmou.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) esclareceu que a indenização foi paga conforme a lei estadual nº 14.984 e a ordem de sucessão estabelecida pelo Código Civil. “A Polícia Militar lamenta profundamente a morte do soldado Patrick Bastos Reis, que perdeu a vida defendendo a população”, declarou em nota.

Cláudia disse na entrevista que Patrick sempre sonhou em fazer parte das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e que ele decidiu seguir essa carreira após um encontro com membros do batalhão especial no Rio de Janeiro. Ele ingressou na PM em 2017, sem avisar a família, exceto a avó. No dia do velório, Cláudia disse ao comandante que achava que policiais da Rota não morriam, ao que ele respondeu: “O seu filho quebrou uma estatística.”

O único apoio recebido do governo foi psicológico, por três meses e de forma virtual. Cláudia e Carlos se mudaram para São Paulo em 2022 para ficar perto do filho e, após sua morte, foram para o interior para estarem próximos do neto.

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