Tarcísio? Quem Bolsonaro deve apoiar para presidente, segundo Kassab

Atualizado em 30 de maio de 2025 às 8:02
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante a manifestação na Avenida Paulista — Foto: Maria Isabel Oliveira

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve apoiar um membro de sua própria família — como Michelle ou Eduardo Bolsonaro — para a Presidência da República em 2026, e não o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo Kassab, Bolsonaro levará sua “candidatura a presidente” até o limite, mas, se estiver inelegível, indicará um substituto que mantenha o controle político em família, conforme informações do colunista Lauro Jardim, do Globo.

A análise foi apresentada na última quinta-feira (29), durante um almoço na sede do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), em São Paulo. O evento contou com cerca de 20 empresários e executivos.

Para Kassab, nesse cenário, Tarcísio não disputaria o Palácio do Planalto e se concentraria na tentativa de reeleição ao governo paulista. Com isso, o nome que despontaria como candidato do campo bolsonarista, mas fora do círculo familiar, seria o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).

Desconfiança sobre Tarcísio

Aliados de Bolsonaro desconfiam do comprometimento de Tarcísio de Freitas com os interesses do bolsonarismo. Eles avaliam que o governador de São Paulo evita confrontos com o STF e não se esforça como poderia para defender Bolsonaro, mesmo tendo boa relação com ministros da Corte.

Outro ponto de atrito é a atuação tímida de Tarcísio na tramitação da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Parlamentares bolsonaristas esperavam mais empenho, inclusive dentro de seu partido, o Republicanos.

Na fase de coleta de assinaturas para acelerar o projeto, pouco mais da metade da bancada assinou o requerimento, e Tarcísio não pressionou os indecisos. A percepção é a de que ele não quer se vincular ao radicalismo associado aos atos golpistas.

Nos bastidores, o governador também tem sido visto com desconfiança por participar de articulações de centro-direita lideradas por Michel Temer, conforme informações da revista Veja. O ex-presidente busca montar uma frente alternativa à candidatura de Bolsonaro em 2026, com nomes como Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas), Ratinho Junior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Tarcísio está inserido nessa movimentação.

Para aliados de Bolsonaro, essa articulação soa como uma traição. Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, reagiu com dureza: “Se continuarem nessa palhaçada de ‘direita sem Bolsonaro’, eu vou manobrar dia e noite por uma chapa pura”.

Proximidade de Kassab

A presença de Kassab é outro fator que pesa contra Tarcísio. Presidente do PSD, Kassab nunca foi próximo de Bolsonaro e atua para fortalecer o partido com nomes presidenciáveis que não dependem do apoio do ex-presidente.

Recentemente, filiou Eduardo Leite com discurso de pré-campanha. O PSD também conta com Ratinho Junior e não descarta apoio a Tarcísio, sempre sem menção direta ao bolsonarismo.

Presidente do PSD, Kassab diz que seu 'projeto é Tarcísio' e que esquerda 'é refém da figura do Lula' | Blog da Andréia Sadi | G1
Presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

Além disso, Tarcísio não se encaixa no plano traçado por Bolsonaro para 2026. O ex-presidente afirma que registrará sua candidatura mesmo inelegível, aguardando a decisão final da Justiça Eleitoral. A ideia seria transferir a cabeça de chapa a um vice no último momento, como Lula fez com Haddad em 2018.

O nome ideal, segundo interlocutores, seria alguém da própria família, como Eduardo ou Michelle Bolsonaro — não Tarcísio, que dificilmente abriria mão da reeleição em São Paulo.

Também pesa a relutância do governador em migrar para o PL, partido de Bolsonaro. Embora tenha sido especulada a troca no ano passado, Tarcísio permanece no Republicanos, legenda considerada mais independente. Essa permanência é vista como mais um sinal de distanciamento do projeto político de Bolsonaro.