
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta (9) que o governo federal continuará apoiando São Paulo, mesmo após o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) atuar contra a Medida Provisória que buscava alternativas ao aumento do IOF. Segundo o ministro, Tarcísio agiu “em detrimento dos interesses nacionais para proteger a Faria Lima”.
A declaração foi feita após a Câmara dos Deputados retirar a MP de pauta, inviabilizando sua votação. “Mesmo com a notícia de que o governador do estado agiu, na minha opinião, em detrimento dos interesses nacionais para proteger a Faria Lima, nós não vamos prejudicar o estado de São Paulo”, disse Haddad.
O ministro também afirmou que, apesar da derrota, o governo buscará novas soluções fiscais e manterá o diálogo institucional com o estado. Nos bastidores, o Planalto atribuiu a articulação que levou à derrubada da medida à sabotagem de Tarcísio, que mobilizou parlamentares da base de extrema-direita.
O governador justificou a ação dizendo que “a população não aguenta mais aumento de impostos” e defendeu “responsabilidade fiscal” por parte do governo federal.

Haddad rebateu indiretamente o argumento do governador e disse ver “movimentação de forças políticas no país em torno da proteção de privilégios do pessoal da Faria Lima”. Ele reforçou que a política econômica de Lula busca equilíbrio fiscal com justiça tributária. “Nós vamos continuar ajudando o estado de São Paulo”, afirmou.
A Câmara decidiu, por 251 votos a 193, retirar a MP de pauta, o que levou à perda de validade da proposta. O texto previa arrecadar cerca de R$ 17 bilhões em 2026 com aumento da tributação sobre ganhos financeiros, apostas online, fintechs e criptomoedas, medidas que, segundo o relator Carlos Zarattini (PT-SP), contribuiriam para o equilíbrio das contas públicas.
A equipe econômica esperava contar com esses recursos para atingir um superávit primário de 0,25% do PIB no próximo ano. Com a rejeição, o Ministério da Fazenda agora estuda alternativas para compensar a perda de receita e garantir o cumprimento da meta fiscal estabelecida no Orçamento de 2026.
Haddad disse que pretende se reunir com o relator do Orçamento, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), para definir novas estratégias. “Nós temos tempo. Vamos usar esse tempo para avaliar com muito cuidado cada alternativa. Vamos conversar com o relator do Orçamento porque isso tem um impacto orçamentário importante em emendas e investimentos”, concluiu.