O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante ato de campanha em São Paulo, em 2022. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem questionado aliados sobre a ofensiva de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra ele. Em conversas reservadas, ele chegou a questionar o motivo de o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro ter feito tantos ataques públicos.
Segundo aliados ouvidos pela coluna de Bela Megale no jornal O Globo, Tarcísio chegou a questionar: “Por que ele me pegou para Cristo?”. A relação entre ambos nunca foi próxima, mas deteriorou-se ainda mais nos últimos meses.
O atrito se intensificou após a viagem de Tarcísio para negociar alternativas ao tarifaço imposto por Donald Trump em julho. O governador se reuniu com representantes da gestão americana no Brasil para tratar dos impactos da medida, enquanto Eduardo considerava que esse movimento prejudicava a estratégia política do bolsonarismo.
Para Eduardo, a articulação de Tarcísio junto aos EUA atrapalhava o plano de manter pressão por uma anistia ampla e irrestrita aos réus da trama golpista, em especial Jair Bolsonaro. O deputado avaliava que qualquer agenda paralela desviava a narrativa de vitimização que buscava consolidar.
Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelaram que Eduardo aconselhou o pai a “segurar” a especulação sobre uma candidatura presidencial de Tarcísio em 2026. Segundo ele, essa narrativa deveria ser contida para que a família Bolsonaro se mantivesse “viva” no jogo político.
Nos últimos dias, Tarcísio embarcou de forma mais explícita na defesa da anistia, buscando reduzir o desgaste com o núcleo bolsonarista. Com isso, Eduardo passou a moderar o tom das críticas públicas, mas sem abrir espaço para uma aliança política futura.
Mesmo assim, em entrevista a um canal no YouTube, Eduardo voltou a citar o governador: “Ele não tem o perfil de combate ao establishment”, declarou.