Tarcísio se queima ao ‘amarelar’ no jogo mafioso articulado por Bolsonaro e Trump

Atualizado em 13 de julho de 2025 às 15:21
Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro se abraçando e rindo
Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro – Reprodução

Provavelmente foi por medo, pois sabe as consequências de jogar tão sujo e pesado.

O fato é que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo passaram a rotular o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como um “bolsonarista de ocasião”. A crítica ganhou força após o episódio da sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump contra produtos brasileiros, quando o governador demorou a reagir e evitou responsabilizar o STF pela crise, como desejavam setores bolsonaristas.

A insatisfação entre deputados estaduais ligados à família Bolsonaro cresceu diante da postura calculada de Tarcísio. Segundo um aliado sob reserva, o governador só se posicionou publicamente após ser provocado pelo governo Lula e não utilizou o episódio como palanque para defender o ex-presidente ou atacar a Justiça. A leitura é que ele age de forma conveniente, conforme seus próprios interesses políticos.

Outro ponto de atrito é a recusa de Tarcísio em pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pela votação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O silêncio do governador é visto como omissão deliberada, o que reforça o distanciamento entre ele e o núcleo mais radical do bolsonarismo.

Bolsonarista, o deputado Gil Diniz (PL-SP) criticou o veto de Tarcísio. Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a tensão entre o PL e o governo estadual é visível. Deputados como Lucas Bove e Gil Diniz têm se posicionado contra o Executivo, inclusive se aliando a parlamentares de oposição em votações recentes, como a da LDO. Mônica Seixas (PSOL) afirmou que o bolsonarismo “não está fechado com Tarcísio”, algo perceptível nas articulações internas da Casa.

Tarcísio também tem evitado embates diretos com o Supremo Tribunal Federal, buscando manter o que chama de “postura de estadista” para preservar o diálogo com o Judiciário. Porém, para os bolsonaristas, essa escolha enfraquece a identidade ideológica do governador e o distancia das bases conservadoras mais fiéis ao ex-presidente.

Líder do PT na Alesp, o deputado Antonio Donato resumiu a estratégia do governador ao dizer que Tarcísio “é moderado entre os moradores e radical entre os bolsonaristas”. A crítica reflete a percepção de que o governador tem buscado transitar entre os dois mundos, mas começa a perder espaço com ambos.