O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, está recorrendo à polícia para promover a entrega da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) à iniciativa privada.
Após promover uma tramitação açodada, sem passar pela deliberação das comissões temáticas da Casa, o projeto de privatização da estatal será levado à votação em sessão extraordinária, a partir desta terça-feira, 28, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O PL de privatização chega ao plenário com 40 dias de tramitação. Um recorde para um processo de tamanha envergadura.
A propositura do Executivo recebeu 173 emendas e quatro substitutivos, mas nada foi acatado pela tropa de choque governista.
Além do processo ao arrepio da Lei, o mandatário número 1 do Estado está usando a força para intimidar os críticos: na tarde de terça, quando a propositura chegou ao plenário para votação, a Alesp foi cercada pela Tropa de Choque da PM.
Centrais sindicais e movimentos sociais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o Sindicato dos Metroviários, a Apeoesp (sindicato dos professores do estado), entre outros, estão se manifestando contra a entrega da estatal, junto com deputados que formam a oposição ao Palácio dos Bandeirantes.
Do lado oposto, favoráveis à entrega estão grupos de direita liderados pelo MBL (Movimento Brasil Livre).
Apoiadores do governo tentam vender a informação de que a tarifa vai diminuir com a privatização, argumento contestado por Amauri Pollachi, diretor da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp e ex-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.
Ele pontua que o valor praticado em São Paulo é mais baixo que o de outras cidades onde o serviço é privatizado. E dá como exemplo as cidades do Rio de Janeiro e Campo Grande, onde as tarifas são, respectivamente, 56% e 87,4% mais altas que em São Paulo.
O governo também não leva em conta o fato de a estatal ser superavitária para conter a fúria entreguista. Em 2022, a Sabesp registrou lucro líquido de R$ 3,12 bilhões.
O fantasma do entreguismo mexe no bolso e no imaginário dos paulistas.
Quando se fala em privatização, vem à mente o drama da Enel, empresa privada que distribui energia na capital do Estado e que deixou mais de 2 milhões às escuras há poucos dias.
“A Enel de hoje é a Sabesp de amanhã” dizem, em unissono, os críticos da privatização.
Deputados governistas esperam aprovar o projeto até 12 de dezembro. São necessários 48 votos dos 94 deputados para garantir a vitória governista.