
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mudou de posição e decidiu viajar a Brasília no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia o julgamento da trama golpista. O processo envolve ex-ministros e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão. As sessões da Primeira Turma estão programadas até 12 de setembro.
A agenda de Tarcísio na capital federal ainda não foi confirmada por seus auxiliares. Caso ele visite Bolsonaro, precisará de autorização do ministro Alexandre de Moraes, responsável pela prisão domiciliar do ex-presidente. Desde 4 de julho, quando foi detido, Bolsonaro não tem comparecido presencialmente a atos judiciais e, segundo a defesa, enfrenta problemas de saúde, incluindo crises de soluço que provocam vômitos.
Na última sexta-feira (29), em entrevista em Santo André, Tarcísio havia afirmado que não viajaria a Brasília e acompanharia o julgamento de São Paulo. Na ocasião, reforçou acreditar na inocência de Bolsonaro. O governador foi ministro da Infraestrutura durante o governo do ex-presidente e chegou a apoiá-lo em momentos de negação da gravidade da pandemia de Covid-19.
Nos bastidores, cresce a pressão de setores do Centrão e do mercado financeiro para que Tarcísio assuma o protagonismo como sucessor político de Bolsonaro. Apesar disso, ele vem adotando postura de cautela durante o julgamento, enquanto tenta manter o apoio de empresários, líderes evangélicos e figuras do agronegócio em torno de sua pré-candidatura presidencial.

O governador tem enfrentado críticas de alas mais radicais do bolsonarismo e dos filhos de Bolsonaro, que o acusam de deslealdade. Mesmo assim, Tarcísio reafirmou, em 21 de agosto, sua relação de “lealdade, amizade e gratidão” com o ex-presidente, após a Procuradoria-Geral da República pedir o indiciamento de Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Até o momento, Tarcísio realizou apenas uma visita oficial a Bolsonaro desde sua prisão domiciliar. Enquanto isso, intensificou agendas públicas em setores estratégicos, em uma movimentação que reforça sua exposição nacional e o coloca como figura central na disputa presidencial de 2026, caso a condenação de Bolsonaro seja confirmada no STF.